A ideia começou a tomar forma depois de um dos passeios de bike que habitualmente faço, mas dessa vez com a companhia do Claude.
Moro em Alcabideche e normalmente faço uma volta que é a seguinte: saio de casa vou até Alcoitão, desço até ao Estoril, entro na marginal, vou até Cascais, atravesso Cascais até à marina, daí vou até ao Guincho, depois Malveira da Serra e vou então até Alcabideche pela estrada do Pizão. São 28.5 km e é uma voltinha muito agradável.
Texto e fotografia: Miguel Vilar
Então o Claude que é francês estava cá de férias e desafiei-o para vir andar de bicicleta comigo. Preparei a outra bicicleta que tenho, uma bicicleta EPX, fabricada na Austrália e quando sai eu não sabia de todo qual era o andamento do Claude.E o passeio fui agradável a bom ritmo e confesso que fiquei admirado com o Claude. O Claude regressou e como tem uma casa em Lagos vem frequentemente a Portugal sugeri, quando vieres porque não vamos de bike até Lagos? E a ideia começou a tomar forma e comecei a imaginar. E o gosto da viagem começou aqui. Começar a traçar um percurso. Num 1º levantamento fiquei na dúvida aonde seria melhor atravessar o Tejo. A dúvida era ou de Belém para Porto Brandão ou do Terreiro do Paço para o Barreiro. Estudei detalhadamente os doía e optei por ir via Barreiro porque não conheço muito bem a outra alternativa.
O total do percurso eram do Barreiro até Lagos cerca de 280km.Tomando por referência o andamento do Claude pareceu-me que se andássemos por dia cerca de 50 km a uma média de 15km/h daria então por dia percorrer cerca de 5 horas por dia. Numa primeira análise andaríamos cerca de 2,50 h de manhã, parávamos para almoçar e à tarde faríamos as outras 2,50 h. Não pode o leitor esquecer que isto seria a minha 1ª aventura ciclo-turística e não havia qualquer tipo de pressão e chegaríamos quando nos apetecesse e parávamos também conforme o desenrolar da jornada. Fazia parte do plano pernoitarmos em parques de campismo.
O material
A 1ª coisa seria procurar uma tenda no mercado que desse para duas pessoas e arrumada não tivesse um volume nem um peso grande. Tive sorte e num hipermercado arranjei exactamente a tenda que procurava, leve, e pouco volumosa e que custou…€9,00.Depois como iria eu transportar o essencial. Comprar um alforge ou usar uma mochila. Numa tinha andado de bicicleta de mochila às costas era fundamental testar. E foi o que fiz. Num dos treinos carreguei uma mochila e a experiência agradou e foi assim que decidi viajar.
As bicicletas
O Claude iria utilizar a tal RPX e eu usaria a minha TREk Fuel X.Pneus? Misto,..Bom depois de ter pensado decidi, vão mesmo como estão equipados com pneus de terra. Não havia pressa nenhuma ena minha ideia haveria menos riscos de furos etc. …
As bicicletas levaram uma revisão boa aqui em Cascais na Avalanche, do meu amigo Aníbal. E foi lá que comprei um porta-bagagens para levar a tenda. Pelo meu prévio estudo iríamos pernoitar na estrada por 3 vezes e confirmei com os parques de campismo se havia disponibilidade não fosse ser apanhado por se tratar de um período de férias.
Planeámos a partida que calhou num Domingo.
A Viagem
A 1ª etapa
Tinha programado para o 1º dia andarmos até Melides onde me pareceu ser agradável parar e pernoitar num parque de campismo perto da estrada.
A distância até lá era 86 km mas tínhamos que apanhar dois barcos para atravessarmos o Tejo e o Sado.
Rumámos então até ao Barreiro. Não era para mim um lugar familiar mas atravessámos o Barreiro tranquilamente, era como disse Domingo de manhã e fomos pedalando em direcção castelo de Palmela.
Pedalava-se agradavelmente e a sentirmo-nos um pouco de Vasco’s da Gama.
Encantados com a aventura.
Subimos até ao castelo de Palmela e a direcção seguinte era Setúbal. Chegámos a Setúbal e dirigimo-nos para o ferry para Tróia.
Chegando a Tróia tomámos a direcção para a Comporta. Pedalámos muito ao longo das praias escondidas que as imaginava pela quantidade de carros estacionados ao longo de dezenas de quilómetros. A pedalada era linda ao longo de lugares inóspitos que completamente desconhecia.
E o Claude sempre muito bem e sem qualquer problema mecânico. Já levávamos algumas horas desde que saímos de casa. E começámos a pensar em parar para almoçar.E chegámos à Comporta. Linda terra…
A próxima paragem seria o acampamento em Melides. Rodava-se bem a uma média de 22 km/h que com pneus de terra estava a ser um pouco mais rápido do que imaginava mas rolávamos bem e tranquilos a apreciar a aventura. Rolávamos sempre na faixa de segurança e o trânsito sempre respeitador.
Continuámos a aventura e íamos passando por sítios incríveis. Até mesmo pela prisão de Pinheiro da Cruz mas queríamos nada com ela.
O final da 1ª etapa aproximava-se já levava 80 km e faltava pouco. Esperava por ver as indicações de parque de campismo a qualquer momento porque a menina de lá tinha-se dito ao telefone que o parque ficava à beira da estrada.
Por fim lá vi a indicação de Camping e pensei que era já ali….mas o à beira da estrada para a menina eram 5km de estrada de terá ainda. E lá fomos pela estrada de terra. Aí abençoei a minha decisão sobre os pneus.
Fim da 1ª etapa 7 horas depois de termos Sado de casa. Com comboio e barcos pelo meio e uma almoçarada tranquilizante. Média de 22 km/h.Óptimo !!
No camping. A meio da tarde. O Claude foi apara a praia e eu fui até à piscina. O Camping era óptimo em termos de infra-estruturas e …cenário.
Preparados para a 2ª etapa
Ready for the 2nd round 2ª feira. De Melides e como estávamos perto de Sines tinha pensado que poderíamos ir visitar a minha sobrinha Inês. Ficávamos um pouco com ela e iríamos até Porto Covo. Seria a etapa mais curta do programa inicial, apenas 50km mas a pensar que iríamos ficar um pouco com a Inês. Mas a visita foi menos demorada e de repente o Claude sai-se com esta: E se fossemos hoje até Aljezur?
Eh lá o homem estava com o pedal todo.
Aguentas? Perguntei eu: Acho que podemos tentar disse ele. Mas são 120km…
Embora! E lá fomos. Ritmo bom. Os tais 22km/h
De Sines para Vila Nova de Milfontes e daí para Porto Covo. Já levávamos 3 horas e decidimos procurar um lugar para almoçar. Na companhia dos anfitriões da terra. Foi um almoço sem pressas
Mas… ainda faltavam 60 km. E depois fizemo-nos à estrada. Rolando com energia, E a pensar com este ritmo às tantas já vamos até Lagos. Eu gostava de ter ido por Vila do Bispo mas a alteração do percurso fez-nos mudar de ideias. A minha ideia inicial seria passar pelas Carrapateira e Bordeira para recordar os meus tempos de Rali quando a Volta ao Algarve passava por essas bandas. Percorríamos as estradas e… começava a cheirar a destino: Já cheirava…
Aljezur era o final da etapa. Mas daqui até lá foi duro… calor, subidas serra. Enfim mas ia-se até que à entrada de Aljezur um…. Camping. O camping de S.Miguel era já ali.
ALGARVE::::YES!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Espectáculo. A piscina à nossa espera depois de 120km e mais de 8 horas de jornada.
Foram 270km. Dois dias a pedalar pelo Alentejo ao encontro da população acolhedora.
Porque de repente tudo muda num décimo de segundo e esta….ninguém me a tira.
VOLTAREI! O limite é sempre …. o céu.
Miguel Vilar
(a tribute to the will power)
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