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Cinco britangos seguidos em projeto de conservação

No passado dia 19 de julho, um britango foi capturado, marcado e devolvido à natureza em Bruçó, Mogadouro. Uma equipa, com elementos da Vulture Conservation Foundation (VCF), da Palombar e da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), conseguiu marcar mais um britango na área do Parque Natural do Douro Internacional, no âmbito do projeto Life Rupis, coordenado pela SPEA. [1]Capturada com uma armadilha instalada para o efeito, esta ave foi equipada com um emissor GPS e depois devolvida à natureza no mesmo local. Foram ainda recolhidas amostras de sangue para análise de eventuais contaminantes e doenças e para a identificação do sexo da ave, dado que nesta espécie não existem diferenças morfológicas visíveis entre os sexos.

[2]Depois do Rupis e da Poiares (uma fêmea encontrada debilitada e recolhida por uma habitante desta localidade), os três britangos marcados em junho e julho ainda não foram “batizados”. O Life Rupis vai ter, de 1 a 10 de agosto, uma votação online em que o público irá escolher os nomes destas aves. Nesta votação online, presente no website www.rupis.pt e na página de Facebook da SPEA, coordenadora do projeto, o público votará nos seus 3 nomes favoritos.

Esta foi a quinta ave marcada no período de um ano: os trabalhos de marcação de britangos do projeto iniciaram-se a 15 de julho de 2016, com a marcação de um subadulto batizado de Rupis, o primeiro britango marcado em Portugal para fins de estudos de conservação e proteção da espécie. Esta marcação permite, durante os próximos anos, o seguimento detalhado dos movimentos das aves, sendo assim possível obter importante informação para a conservação desta espécie, nomeadamente identificar áreas-chave de alimentação, nidificação, rotas de migração utilizadas e potenciais ameaças.

Os movimentos das várias aves podem ser seguidos online na página do projeto: http://rupis.pt/pt/mapa-dos-movimentos-de-britango/ [3]

[4]Joaquim Teodósio, coordenador do projeto Life Rupis, refere que esta é apenas uma das ações do LIFE Rupis, mas essencial para orientar alguns dos trabalhos em curso para reduzir as ameaças sobre o britango. O LIFE Rupis, através dos 9 parceiros envolvidos, tem vindo a desenvolver um conjunto integrado de ações no território transfronteiriço dos Parques Naturais do Douro Internacional e Arribes del Duero, que abarcam desde a monitorização das espécies, ao aumento dos recursos alimentares e a redução das ameaças como o veneno ou a colisão com as linhas eléctricas, sem esquecer a promoção deste território de características naturais únicas e a sensibilização das populações locais e visitantes.

O projeto Life Rupis tem como objetivo implementar ações que visam reforçar as populações de águia-perdigueira e britango no Douro transfronteiriço, através da redução da mortalidade destas aves e do aumento do seu sucesso reprodutor. O britango é o abutre mais pequeno da Europa. Está classificado como “Em Perigo” no território Europeu, onde as suas populações registaram um decréscimo de 50% nos últimos 40 anos, e uma elevada perda de habitat. A água-perdigueira tem um estatuto de “Quase Ameaçada” na Europa, devido ao decréscimo populacional e à pressão sobre as suas populações.

Além da marcação e monitorização dos britangos, outras ações estão a ser implementadas dos dois lados da fronteira, tais como a identificação de linhas elétricas perigosas e respetiva correção com equipamentos anti-eletrocussão e anticolisão de aves, a ação de brigadas cinotécnicas para deteção de venenos, a elaboração de um plano de ação transfronteiriço para a conservação do britango, gestão de mil hectares de habitats importantes para as espécies-alvo e gestão de uma rede de campos de alimentação para aves necrófagas (CAAN), para minimizar o impacto da escassez de alimento. O resultado esperado do projeto será o aumento da taxa de reprodução e a diminuição da mortalidade não natural destas aves, numa região justamente conhecida pela riqueza e beleza do seu património natural.

Coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), o projeto tem mais oito parceiros, a Associação Transumância e Natureza, a Palombar, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, a Junta de Castilla y León, a Fundación Patrimonio Natural de Castilla y León, a Vulture Conservation Foundation, a EDP Distribuição e a Guarda Nacional Republicana/SEPNA.