Parque da Pena, uma paisagem de sensações!
A Serra de Sintra é um dos casos em que a paisagem não se esgota fruto da renovação da vegetação, das condições atmosféricas e, essencialmente, do nosso estado de espírito.
Há muito que pensava em voltar ao Parque da Pena, um local de “peregrinação” obrigatório e, o sol dos primeiros dias de Primavera criou a condição ideal para uma visita. De manhã, bem cedo e carregado de máquinas, binóculo e tripé, lá rumei à Serra de Sintra, mais concretamente a S. Pedro de Sintra. A aproximação ao parque é feita a pé porque o trajecto é bonito e, por outro lado, evita as confusões de trânsito nas proximidades do parque.
Desde míudo que tenho um contacto permanente com a Serra de Sintra mas, é curioso que nunca me farto e quando a visito encontro algo de novo que me surpreende e que me faz querer voltar.
O Parque da Pena é especialmente interessante pela sua concepção, variedade de espécies plantadas e pelo seu palácio. A componente bosque do parque é, para mim, mais interessante e penso que a menos vista pelos milhares de visitantes que ocorrem todos os anos à Serra de Sintra. Talvez pelo carácter labirintico dos caminhos e pelos aspectos sombrios das frondosas árvores, o parque incuta algum respeito e afaste os visitantes?
Estamos perante um percurso botânico em ambiente natural de rara beleza e importância científica. Este Parque é um projecto paisagistico de transformação de uma Serra, à data escalavada, num arboreto integrando diversos jardins históricos. Ocupa cerca de 85 hectares que beneficiam de especiais condições geológicas e climáticas.
Sem dúvida que a componente botânica é importante mas, todavia é a componente ambiente / cenário que mais me encanta no Parque da Pena. A conjugação de sombra e claridade, áreas “fechadas” em que a luz do sol tem dificuldade em penetrar, os espaços abertos e solarengos, as rochas de grandes dimensões, o pequeno pormenor de um feto, do cogumelo ou do musgo e a visão com diferentes ângulos que vamos tendo do Palácio fazem deste passeio uma experiência única e sempre renovada.
É difícil escolher um lugar ou espaço preferido no Parque da Pena mas, arrisco-me a eleger a Feteira da Rainha. Ao longo do parque temos diferentes locais que são ideais para uma observação mais atenta da vista devido ao seu posicionamento. Refiro-ne à Cruz Alta e ao Trono da Rainha.
Parque da Pena
Fruto da inspiração de D.Fernando II, o Parque da Pena é o resultado das tendências intelectuais e artísticas do sec. XIX, época do Romantismo. Com a colaboração do Arquitecto Barão de Eschwege e do Engenheiro Barão Kessler, D. Fernando elaborou o projecto de todo o Parque, que viria a envolver o Palácio da Pena.
Recusando a rigidez formal dos jardins clássicos e considerando o acidentado do terreno, a fertilidade do solo, a singularidade climática da Serra e o carácter dos horizontes, D. Fernando II planeou o parque de modo a este simular uma naturalidade quase perfeita. Para tal, à semelhança dos devaneios arquitectónicos a que se tinha entregue na concepção do Palácio da Pena, inspirando-se em cenários de óperas e em paisagens longínquas, imaginou para o Parque ambientes diversos, contrastantes, em que a presença do insólito e do exótico fosse marcante. De forma a materializar essa idéia, integrou nos seus projectos os vestígios deixados pelos frades Jerónimos, como, aliás, fez também no Palácio. Projectou lagos ligados entre si por cascatas e importou, para as florestas e matas que imaginou, espécies de plantas representativas de vários pontos do mundo – criptomérias do Japão, fetos da Nova-Zelândia, cedros do Líbano, araucárias do Brasil e tuias da América do Norte – a par de exemplares portugueses, num total de mais de duas mil espécies. Disseminou ainda pelo Parque pavilhões construídos nos mais diversos estilos arquitectónicos, fontes, bicas, pequenos recantos e miradouros.
Espécies vegetais mais significativas
Durante o nosso passeio podemos ver algumas espécies que pelo seu porte ou raridade são de observação “obrigatória”: Sequoia semprevirens; Abies pinsapo; Liriodendron tulipifera; Ginkgo biloba; Thuja plicata; Fetos-arbóreos; Araucaria angustifolia; Cupressus macrocapa; Cupressus lusitanica; Taxus baccata e Camelia susanqua.
INFORMAÇÃO ÚTIL
Horários:
Dias de encerramento: 1 de Janeiro e 25 de Dezembro
Época Alta: 27 de Março a 15 de Outubro
PARQUE DA PENA: 9h30 às 20h00 – último bilhete às 19h00
PALÁCIO DA PENA: 9h45 às 19h30 – último bilhete às 18h45 e última entrada às 19h00
Preço:
Crianca até 5 anos / gratuito
Jovem até 17 anos / 5 euros
Adulto até 64 anos / 6 euros
Sénior / 5 euros
Cartão Jovem / 5,5 euros
Família (2 adultos e jovens) /16 euros