A recuperação de um espaço de eleição.
No coração da Serra de Sintra temos um lugar único. O Parque de Monserrate tem sofrido, ao longo dos anos, alterações profundas no seu aspecto.Num passado mais recente, o abandono foi quase total situação que está a ser invertida.
Texto e fotografia: Vasco de Melo GonçalvesPara chegarmos ao Parque de Monserrate podemos ir de carro ou deixá-lo na Vila de Sintra e fazer os cerca de 2,6 km a pé pela magnífica Estrada Velha que liga a vila a Colares. Nós optámos por fazer este trajecto a pé… Para obter alguma energia para a caminhada, na vila visitámos a famosa pastelaria Piriquita e comemos um travesseiro / “barra energética”!
Após cerca de 45 minutos de caminhada chegamos ao Parque de Monserrate onde a empresa Monte da Lua tem vindo a desenvolver um trabalho de recuperação digno de realce. A recuperação tem-se desenvolvido em duas frentes distintas por um lado temos os jardins e por outro, o palácio.
O Parque de Monserrate é um espaço único onde os amantes da flora encontram um grande número de espécies e algumas das quais raras. Mas não é preciso ser um especialista em botânica para apreciar este espaço pois, a grande maioria das espécies estão referenciadas e existe placas de identificação. Temos diferentes áreas de interesse dento de um todo muito interessante. O Palácio é uma referência arquitectónica importante e um ponto de partida para as diferentes áreas do Parque. O esplendoroso relvado abre-nos horizontes marcados por árvores de grande porte mesmo à nossa frente mas, se olharmos com atenção para a nossa direita temos um roseiral antigo que está a ser recuperado. À nossa esquerda temos o elemento água na forma de um lago e que funciona como zona de transição para espaços mais fechados e ricos em vegetação.
Não existe um percurso definido e a meu ver é positivo. Desta forma deambulamos pelo Parque e vamos descobrindo pequenos recantos de uma grande beleza. Contudo existem locais de visita obrigatória como são os casos do Jardim do México recentemente inaugurado, o vale dos fetos e a Capela, uma falsa ruína da autoria de Francis Cook criada a partir da capela edificada por Gerard de Visne em substituição da capela Nª. Srª. de Monserrate. Três espaços distintos e três belezas também elas distintas sendo que o Jardim do México tem um aspecto de “novo” apesar de uma história antiga. A Capela é um espaço algo fantasmagórico onde o elemento vegetal se apodera da arquitectura e cria um ambiente peculiar. Por fim temos o vale dos fetos com a sua sombra refrescante…
Está na hora do nosso regresso à Vila de Sintra mas, antes de iniciar a nossa caminhada é tempo de retemperarmos as nossas na casa de chá existente dentro do Parque.
À saída do Parque temos um agradável parque de merendas equipado com diversas mesas e bancos em madeira. O espaço é grande e cheio de sombra.
O Parque de Monserrate, outrora quinta de pomares e culturas, existe como tal desde o séc. XVIII, quando Gerard DeVisme alugou a quinta à família Melo e Castro, sua proprietária. Desde então, todos os que se seguiram – William Beckford, a família Cook, o Estado Português e, finalmente, desde Setembro de 2000, a Parques de Sintra-Monte da Lua, S. A. – esforçaram-se por criar um maravilhoso jardim botânico, ímpar nas suas características.
Crucial no seu desenvolvimento esteve o que se viria a tornar o 1º Visconde de Monserrate, Francis Cook. Juntamente com o pintor paisagista William Stockdale, o botânico William Nevill e o mestre jardineiro James Burt, criaram-se cenários contrastantes que se sucedem ao longo de caminhos sinuosos por entre ruínas, recantos, cascatas e lagos, sugerindo, através de uma aparente desordem, o domínio da Natureza sobre o Homem. Assim, e contando sempre com a presença de espécies espontâneas de Portugal (medronheiros, azevinhos, sobreiros, entre outros), organiza o jardim com colecções de plantas de espécies oriundas dos cinco continentes, propondo-nos um passeio pelo mundo: fetos e metrosíderos evocam a Austrália; agaves, palmeiras e yucas recriam um cenário do México; rododendros, azáleas, bambus para o jardim do Japão. No total contabilizaram-se mais de duas mil e quinhentas espécies!
O Parque de Monserrate encerra em si uma grande variedade de espécies e com uma grande relevância. Destacamos 16 espécies: Sequoia sempreviresn (Sequóia, Sequóia-sempre-verde); Davallia canariensis (Cabrinha, feto-dos-carvalhos); Liriodendron tulipifera (Tulipeiro-da-virginia); Arbutus unedo (Medronheiro); Cyathea cooperi (Ciátia); Dicksonia antarctica (Feto-arbóreo-da-tasmânia); Quercus rubra (Carvalho-americano); Camellia japonica (Cameleira); Ocotea foetens (Til); Thuja plicata (Tuia-gigante); Ginkgo biloba (Ginco); Taxus baccata (Teixo); Quercus rubor (Carvalho. Carvalho-roble, carvalho-alvarinho); Rhododendron kaempferi (Azálea); Cupressus lusitanica (Cedro-do-buçaco, cipreste, cipreste-do-buçaco); Pinus pinaster (Pinheiro-bravo).
Bibliografia
C.M. de Sintra
“Percursos Botânicos nos Parques de Sintra” de Maria Lisete Caixinhas e Maria Cândido Liberato com ilustração de João Catarino. Edição Parques de Sintra Monte da Lua.
Informações úteis
Parque de Monserrate
Localização Estrada de Monserrate. 2710-405 Sintra
Tel. 21 923 73 00 Fax. 21 923 73 50
E-mail: info@parquesdesintra.pt
Website: http://www.parquesdesintra.pt
Associação Amigos de Monserrate http://amigosdemonserrate.com/
Horário
Abril – Setembro: 09.30h – 20.00h
Admissão de visitantes até às 19.00h
Outubro a Março: 10 h – 18 h
Admissão de visitantes até às 17.00h
Aberto de 2ª feira a domingo
Bilhete 5 Euros (adulto)