A Liga para a Protecção da Natureza reiterou na semana passada à Direcção-Geral de Ambiente da Comissão Europeia as suas conclusões sobre estudos, pareceres e documentos oficiais na sequência da queixa contra o projecto de urbanização turística “Quinta da Ombria”, do grupo finlandês Pontos.
A Declaração de Impacte Ambiental, de 29 de Setembro de 2010, com as suas propostas de mitigação para os efeitos negativos do projecto, é claramente insuficiente e não retira o perigo iminente que este projecto representa para o Ambiente na região.
A maior reserva de água subterrânea do Algarve, o aquífero de Querença-Silves, é ameaçada pelo projecto de várias maneiras: haverá uma contaminação do aquífero pelos produtos químicos utilizados na instalação e manutenção do campo de golfe; uma esperada sobre-exploração das reservas de água pela extracção para o empreendimento turístico, que multiplicará a necessidade de água pelo menos 6,5 vezes (contando apenas as necessidades de água para uso directo pelos hóspedes e empregados); a descida do nível do lençol freático abaixo do rio Arade, que já esteve perto de ocorrer mais que uma vez, levará à entrada de água do mar no aquífero e a consequente destruição e perda desta reserva de valor inestimável. A perda desta reserva poderá ser a condenação desta região a uma desertificação física irreversível.
O Sítio de Importância Comunitária do Barrocal, reconhecido património natural, não pode, como propõe o projecto, ser transplantado para os lotes das moradias a construir. Esta “medida de mitigação”, irrisória e sem qualquer valor natural, pressupõe a translocação de azinheiras e sobreiros da paisagem natural do Barrocal directamente para dentro da urbanização, para as moradias, um meio altamente artificializado e sem qualquer valor para a conservação da natureza. Além de se esperarem perdas a nível das árvores translocadas, esta medida é apenas uma operação cosmética em mais que um sentido: permitirá ao projecto “embelezar” a sua oferta turística em prejuízo de uma paisagem natural que destrói, aparentando no entanto que está a fazer algo para conservá-la. Estão previstos mais empreendimentos turísticos sobre este sítio protegido.
Num clima de recessão económica, com campos de golfe a encerrar por todo o Algarve, tendo a Universidade do Algarve já apresentado estudos sobre o excesso de carga de campos de golfe na região e sendo manifesto o efeito devastador para o Ambiente na região, a Liga para a Protecção da Natureza apela à Comissão Europeia que desempenhe o seu papel de proteger o Ambiente e as Áreas Protegidas, fazendo cumprir a legislação europeia e nacional.