Sábado – 1 de Dezembro de 2012 / Olival da Pêga – Potencialidades e oportunidades de um valor paisagístico em perigo.
A paisagem, tal como se pode observar a poente de Monsaraz na zona do chamado Olival da Pêga, já não é exatamente igual à que os nossos antepassados viam há muitas centenas de anos. Alguns dos elementos comuns do sítio de então e de agora são certamente os maciços graníticos e as velhas oliveiras.
Assistiu este olival às várias fases de construção do castelo, à passagem das estações, aos rituais, dos homens da terra, continuamente produzindo os frutos do azeite e ajudando a construir a paisagem singular que assim chegou até nós, e onde as oliveiras multisseculares têm um papel fundamental, não só por aquilo que produzem mas também pela beleza e serenidade que nos transmitem.
As diversas culturas que por aqui se instalaram cuidaram do Olival da Pêga porque o seu precioso fruto era fundamental para iluminar, alimentar e curar. Hoje, a importância destas oliveiras milenares de Monsaraz situa-se no campo mais vasto da complexa relação que o homem estabelece com a paisagem, constituindo-se como um património que ultrapassa a mera questão produtiva.
A par da exploração tradicional a agricultura tem hoje outras valias que se devem ter em conta, por oposição à visão limitada do lucro imediato que permite arrancar e vender estas oliveiras. A manutenção da paisagem agrícola antiga com árvores como estas, imensas e dispersas, pode e deve ser valorizada, salvaguardando assim particularidade genuína da sua longevidade e do seu valor estético.
Monsaraz é hoje um sítio procurado por quem exige um turismo singular e de qualidade, onde a paisagem e os seus produtos tradicionais são uma componente fundamental. Cada vez mais o desenvolvimento local passa pela preservação e divulgação do melhor que cada sítio possui, tirando justo partido do seu património, da sua história e da sua cultura.
O Olival da Pêga é um dos mais antigos e bonitos olivais de Portugal. É por isso urgente que se consiga mantê-lo intacto e protegido. Percebemos, todos, o impacto que teve o recente arranque de oliveiras do Olival da Pêga. Não podemos continuar a ignorar o valor deste património local, nem permitir que seja debelado desta forma violenta.
A ADIM, consciente da importância deste valor paisagístico e reconhecendo a importância da sua salvaguarda, ciente de que dele é possível tirar um sensato proveito e reconhecendo o potencial estratégico e promocional da criação de produtos únicos e excecionais, vem propor que este assunto seja o tema de discussão e de trabalho desta edição 21ª dos Encontros de Monsaraz de 2012.
Com esta iniciativa pretendemos contribuir para a salvaguarda deste valor paisagístico, discutindo e lançando ideias para formas de promoção inovadores, de vanguarda, que pela sua natureza sejam fundamentais para a defesa do património paisagístico e cultural local, bem como para a defesa de um desenvolvimento rural sustentável.
