Abertura do Percurso Pedestre da Vila Sassetti

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– Caminho liga Centro Histórico de Sintra ao Palácio Nacional da Pena e Castelo dos Mouros

– Percurso tem cerca de 1 km

– Jardins exteriores do edifício principal recuperados

– Casa do Caseiro e anexos adaptados, respetivamente, a cafetaria e instalações sanitárias

Fotografia: PSML/Wilson Pereira

A Parques de Sintra abriu, no passado dia 26 de setembro, o Percurso Pedestre da Vila Sassetti, que permite o acesso ao Palácio Nacional da Pena e ao Castelo dos Mouros, desde o Centro Histórico de Sintra. A abertura deste percurso faz parte de um projeto global de recuperação que incluiu a intervenção no exterior do edifício principal da Vila Sassetti, a adaptação dos edifícios anexos a instalações sanitárias, a adaptação da Casa do Caseiro a uma cafetaria (que entrará em funcionamento na próxima época alta) e a recuperação dos jardins, designadamente de caminhos, muros, infraestruturas, sistema de águas, portões, gradeamentos, sinalética, valorização da vegetação existente e novas plantações.

A Vila Sassetti está integrada na Paisagem Cultural de Sintra, classificada como Património da Humanidade pela UNESCO. Desenvolve-se na vertente norte da Serra numa faixa de terreno estreito, com uma área de aproximadamente 12.000m2, dos quais, cerca de 200m2 correspondem ao conjunto edificado composto pelo edifício principal, a Casa do Caseiro e os edifícios anexos. O edifício principal distingue-se pela torre circular central de três pisos, a partir da qual se estendem outros corpos de geometria variável, empregando o granito de Sintra como revestimento exterior principal, as faixas de terracota características do estilo Românico Lombardo e diversas peças da coleção de antiquária do comitente. O jardim, concebido pelo arquiteto Luigi Manini, procura obedecer a uma estética naturalista, sendo estruturado por um caminho sinuoso que é atravessado por uma linha de água artificial. O jardim expressa a relação de harmonia entre a arquitetura e a paisagem, que assim parecem fundir-se naturalmente.

Victor Carlos Sassetti (1851-1915), proprietário do Hotel Braganza, em Lisboa, e do Hotel Victor, em Sintra, foi o proprietário original dos terrenos onde se localiza atualmente a Vila Sassetti. O projeto foi encomendado ao amigo, arquiteto e cenógrafo Luigi Manini (1848-1936), sendo o edifício principal, casa de recreio revivalista concebida para habitação estival, construída entre 1890 e 1894. Após a morte do proprietário, a vila esteve arrendada a Calouste Sarkis Gulbenkian, entre 1920 e 1955, que a ocupou esporadicamente até ao ano da sua morte. Entre 1955 e 1958, a então proprietária Isabel Armanda Luísa Real fez construir a Casa do Caseiro, aumentou o edifício principal, acrescentando o atual corpo nascente e as instalações sanitárias. Em 1984, a nova proprietária, Sara Gabriel Teixeira Albergaria, desenvolve algumas obras de requalificação da vila e do jardim.

A Câmara Municipal de Sintra adquiriu a propriedade em 2004 e, em 2011, a Parques de Sintra comprou a Vila Sassetti e a propriedade adjacente, com o intuito de preservar o seu valor patrimonial e disponibilizar um novo acesso pedonal desde o Centro Histórico até ao Palácio Nacional da Pena/Castelo dos Mouros, em alternativa à rampa da Pena. Para se atingir esse objetivo, e atendendo ao estado de degradação avançada em que se encontrava a Vila Sassetti, foi desenvolvido um projeto global multidisciplinar, cuja execução foi iniciada em 2014.

O caminho. Fotografia: PSML

O percurso estará aberto diariamente entre as 10h00 e as 18h00 durante o horário de verão, e entre as 9h00 e as 17h00 durante o horário de inverno.

Vila Sassetti. Fotografia: PSML

A intervenção

No edifício principal foram desenvolvidos trabalhos de conservação e restauro ao nível das fachadas e elementos decorativos exteriores, incluindo o restauro dos painéis de azulejo do séc. XVII.

Os edifícios anexos, localizados a sul do edifício principal, foram convertidos em instalações sanitárias, separadas por género, possuindo também um compartimento destinado ao fraldário.

Foram ainda desenvolvidos trabalhos de conservação no pombal e a adaptação de ferramentaria a núcleo das máquinas de venda automática a disponibilizar aos visitantes.

Recuperaram-se as coberturas de todos os edifícios de acordo com a tipologia original. Os telhados são mouriscados, têm um acentuado cunho arcaico e são constituídos por telhas de meia-cana ordenadas em fiadas e canais argamassados para facilitar o escoamento da água.

Nos jardins, a intervenção consistiu na substituição de pavimentos em betonilha por calçada de granito e de muros de alvenaria de tijolo por pedra de granito, utilizando as tipologias de construção e materiais preexistentes nos jardins. Foi ainda executada a rede de infraestruturas, nomeadamente de esgotos, de abastecimento de água potável, sistema de águas do jardim, rega, energia e telecomunicações.

Todo o sistema de águas do jardim foi intervencionado, incluindo a recuperação e impermeabilização do depósito, dos tanques e da linha de água artificializada. Procedeu-se à uniformização dos portões exteriores e das portas dos diversos edifícios anexos do jardim, à implementação de guardas nas escadas e à reposição da cobertura da pérgula, de acordo com os registos fotográficos do início do século XX.

Os canteiros do jardim foram valorizados através da aquisição de plantas características do século XIX e dotou-se o caminho de sinalética de orientação e de informação.

O montante de investimento foi superior a 617 mil euros, sendo o projeto financiado pelo QREN, no âmbito do Programa Operacional Regional POR Lisboa, em 333.856,41 euros, provenientes do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

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