A rola-brava é uma das espécies que viu o seu estatuto de conservação agravado.
A última atualização da Lista Vermelha das Espécies em risco de extinção, a referência mundial para a conservação de espécies, inclui pela primeira vez espécies cinegéticas que são caçadas em Portugal. A rola-brava e o zarro são agora espécies consideradas em r isco de extinção, na categoria “Vulnerável”, o que demonstra a urgência de alterar a legislação de caça em Portugal e noutros países onde estas espécies ocorrem.
Esta informação é traduzida da Lista Vermelha, uma ferramenta criada pela União Internacional de Conservação da Natureza (UICN) em colaboração com a BirdLife International em 1963, para avaliar com critérios objetivos qual o grau de ameaçada de extinção para cada espécie. Sabemos assim, que existem em todo o Mundo 197 espécies em estado “Criticamente Ameaçado” de extinção, que necessitam de ação urgente de recuperação e de conservação e devem ser portanto prioridades pelas entidades que se preocupam com a conservação das espécies.
Contudo, das 77 340 espécies avaliadas, 22 784 estão ameaçadas de extinção e no grupo das aves, em particular, mais de 40 espécies viram o seu estatuto de conservação agravar-se. É o caso da rola-brava, uma ave migradora que ainda é caçada em Portugal apesar das evidências de programa s de monitorização levados a cabo pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), que demonstram um decréscimo muito acentuado, de cerca de 40% na última década. Também o zarro (da família dos patos) é uma espécie cinegética migradora com diminuições drásticas nas suas populações. Com base nestes dados, a SPEA não tem dúvidas que ambas as espécies devem deixar de ser caçadas como medida de conservação, o que requer uma reação rápida e eficaz das entidades oficiais através da alteração do calendário venatório e da suspensão da sua caça.
Os principais grupos de aves que mostram agravamentos no risco de extinção são os abutres, as aves marinhas e as aves limícolas, algumas delas ocorrem em Portugal e requerem medidas de conservação urgentes. Em Portugal temos atualmente uma espécie em risco crítico, que partilhamos com Espanha: a pardela-balear, e 3 “Em Perigo”. Mas já tivemos mais, que felizmente já viram a categoria de ameaça diminuída graças a esforços de projetos de conservação, entre as quais o priolo e a freira-da-madeira e graças ao resultado de um melhor conhecimento sobre as populações individuais de aves. Contudo, existem ainda 7 espécies com o estatuto de conservação urgentes: a águia-imperial, o painho-de-monteiro, a abetarda, a freira-do-bugio, a felosa-aquática, e as novas espécies que agora entraram na lista: a rola-brava e o zarro.
De acordo com o Diretor Executivo da SPEA, Luís Costa, em nome da Coligação C6, “As ONGA tem liderado e participado em projetos que permitiram recuperar a população, o habitat e a área de distribuição de algumas espécies que já estiveram perto da extinção e monitoriza as populações de aves que ajudam a definir o seu estatuto na Lista Vermelha. Acrescenta ainda, “a Lista Vermelha da IUCN representa a voz da biodiversidade a indicar-nos onde devemos concentrar a nossa atenção de forma mais urgente – e esta voz está claramente a dizer nos que devemos agir já, de forma a desenvolver políticas ma is fortes e programas de conservação que protejam as nossas aves e travem o seu declínio.” Fonte: SPEA