Faro, à descoberta do centro-histórico

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Há muito que visito a cidade de Faro mas, quase sempre, numa vertente náutica. No passado mês de outubro decidi que iria passar um dia a descobrir o seu centro-histórico e fiquei muito bem impressionado com o que vi e visitei. A não perder!

Texto e fotografia: Vasco de Melo Gonçalves

Como não tinha um conhecimento sobre a realidade de Faro ligada ao Turismo Cultural fui consultar o site da autarquia e tentar perceber como poderia passar um dia na cidade. Encontrei o Percurso 2 / Faro “A cidade Velha” e fiz download do documento (em PDF) para o meu smartphone e parti à descoberta.

A proposta é interessante ao nível do património e acessível do ponto de vista físico. Para o percorrer com calma e para usufruir do local recomendo que se dedique um dia a percorrer este percurso.

No Percurso 2 são feitas diversas propostas de visitação que não estão atualizadas. O Museu Marítimo encontra-se encerrado desde Maio de 2015 e não tem data marcada para abertura. O Palacete Belmarço está encerrado e aparenta um estado de alguma degradação.

A revitalização do comércio no centro-histórico é uma realidade. O espaço tornou-se vivo e a população e visitantes tem a possibilidade de o usufruir. Ao nível da restauração, as ofertas são diversificadas e, de um modo geral, com qualidade. Mas a minha escolha foi para a Tertúlia Algarvia situada a escaços metros da Sé Catedral. Trata-se de um espaço relativamente recente onde a gastronomia mediterrânea se mistura com o artesanato e a cultura. Tive a oportunidade de conhecer o espaço em 2014 quando frequentei um workshop de cataplana de corvina. Fiquei rendido ao conceito do espaço e aconselho uma visita. A relação qualidade / preço é boa e, durante a semana e ao almoço, temos a possibilidade de degustar um menú com preços controlados (entre os 8,5 e os 11,5 Euros).

O que visitar na Vila-Adentro

Faro possui um conjunto de monumentos e edifícios que merecem uma visita demorada. Fiquemos com a apresentação dos principais locais a visitar sendo que o edifício Palacete Belmarço encontra-se fechado e num estado um pouco degradado.

No Museu Municipal tivemos a oportunidade de assistir a uma apresentação de um filme sobre a Guitarra Portuguesa acompanhada de algumas demonstração de temas para guitarra pelo interpetre e compositor João Cuña. Os recitais tem lugar todos os dias com exeção de segunda-feira e tem um custo extra em relação ao bilhete de entrada (total de 5 Euros). Vale apena assistir aos recitais!

A presente informação foi recolhida no site da autarquia de Faro.

Igreja da Misericórdia

No século XVI é construída a Igreja do Espírito Santo, templo em estilo manuelino, que serviu durante dois séculos de Casa da Misericórdia.

Em 1583 o Bispo D. Afonso de Castelo Branco mandou edificar no local a igreja da Misericórdia, cuja construção terminou no século XVII.

Após o terramoto de 1755 o edifício é totalmente reconstruido, integrando-se na obra o pórtico renascentista que já existia.

É um edifício de planta em Cruz Grega, e apresenta uma cúpula pitoresca.

Junto à igreja foi construído no seculo XVIII o Hospital da Misericórdia, por mão de D. Francisco Gomes, onde funcionou o Hospital Central de Faro até à construção do atual hospital Distrital.

Morada: Prc. D. Francisco Gomes 8000-130 Faro
37º0’54.23”N 7º56’5.22”W
Tel. (+351)289 805 992 / (+351)965 390 988 (Santa Casa da Misericórdia)
E-mail: santacasafaro@mail.telepac.pt / http://misericordiadefaro.wordpress.com/

Visitas:
De terça-feira a sexta-feira
09:30h às 12:00h e das 14:00h às 16:00h

Arco da Vila

Localizado numa das entradas do recinto muralhado, foi mandado construir por D. Francisco Gomes do Avelar – Bispo do Algarve – e projetado por Francisco Xavier Fabri – arquiteto genovês.

É um portal monumental onde figura a imagem de S. Tomás de Aquino num nicho.

Tendo como propósito a sacralização da Vila-Adentro e a dignificação da antiga Praça da Rainha (atual Jardim Manuel Bivar), foi inaugurado em 1812.

Constitui um dos mais representativos exemplares do neoclassicismo no Algarve.

Porta Árabe

Situada no interior do Arco da Vila, constitui uma das principais entrada, em cotovelo, na cidade de Faro e remonta ao século XI.

É único arco em ferradura no seu local de origem em todo o Algarve.

Esta entrada na cidade muçulmana de Santa Maria, muito frequentemente designada Porta Árabe, servia de acesso para quem vinha por mar e talvez tivesse uma ponte levadiça, sobre o braço de sapal que a ligava a terra firme.

Há uma lenda associada à mesma em que refere a existência de uma imagem da Virgem, nas muralhas, que os árabes deitaram ao mar; a partir de então a terra e o mar deixaram de produzir. Os árabes voltaram a colocar a imagem no seu local e a terra voltou a dar fruto e o mar peixe em abundância.

Paços do Concelho

Localiza-se no centro da Vila-Adentro.

O caráter limitado do antigo edifício dos Paços do Concelho, levou à aquisição da casa anexa para construção de um novo imóvel. As obras tiveram início em 1883, prolongando-se pelas décadas seguintes.

Em 1945, sob a responsabilidade do arquiteto Jorge Oliveira, a fachada principal do edifício foi renovada. Destaque para o átrio e para a escada de acesso ao andar nobre.

Museu Municipal de Faro

Convento Nossa Senhora da Assunção. É um edifício de características renascentistas, com uma igreja manuelina com cúpula barroca, e entrada lateral através de um pórtico do renascimento.

Com especial destaque para o claustro em estilo Coimbrão, de dois pisos, com contrafortes salientes, arcadas de volta inteira no piso térreo e arquitrave no piso superior e para a decoração animalista das gárgulas.

Em 1519, a Rainha D. Leonor, manda edificar na cidade de Faro, no local onde funcionou durante séculos a próspera judiaria de Faro, um convento destinado às freiras Capuchas de Santa Clara. As obras iniciadas por D. Leonor são prosseguidas por D. Catarina que para isso contrata o arquiteto Afonso Pires.

Em 1550 dá-se por concluída a construção do convento de N.ª Sr.ª da Assunção ou Convento das Freiras.

O ataque dos Ingleses em 1596 causa grandes danos no edifício, o terramoto de 1755 faz ruir a igreja e parte dos dormitórios.

No século XIX o convento é abandonado, indo as freiras para a cidade de Tavira. Nos finais desse século é comprado por particulares instalando-se no seu interior uma fábrica de cortiça.

Em 1948 é classificado como Monumento Nacional, sendo restaurado na década de sessenta.

Desde 1973 o edifício alberga o Museu Municipal de Faro.

Sé Catedral

Igreja construída sobre as ruinas do antigo templo romano, foi mesquita durante o período árabe sendo adaptada a Igreja após a conquista de D. Afonso III.

Foi elevada a sede de bispado em 1577, ano em que ocorreu a mudança do assento episcopal de Silves para Faro.

O ataque das tropas Inglesas e os terramotos que abalaram a cidade obrigaram a sucessivas obras de reconstrução do edifício, alterando significativamente a sua traça primitiva.

Ficou-nos um edifício cujo exterior reflete a intervenção de várias épocas, com um interior de características renascentistas e uma decoração de estilo barroco.

Igreja de três naves, separadas por colunas dóricas e arcos de volta perfeita. Tem capela–mor e sete capelas construídas em diferentes períodos.

São de salientar os retábulos que se encontram no seu interior, alguns de primorosa execução, e o órgão do século XVIII com motivos em chinoiserie.

Na envolvente à Catedral de Faro, no Largo da Sé, são de destacar a existência de dois edifícios notáveis, o Paço Episcopal e o Seminário Episcopal de S. José.

Visitas:
Inverno: Segunda a sexta-feira: 10:00h às 17:00h
Sábado das 09:30h às 13:00h.
Verão: Segunda a sexta-feira: 10:00h às 18:00h
Sábado das 09:30h às 13:00h.
Encerra ao domingo.

Bilhete: 2,00 euros

Paço Episcopal

Edifício de dois pisos construído entre os finais do século XVI e XVII, continua a ser a residência oficial do Bispo.

Foi reconstruido e ampliado após o terramoto de 1755, passando a ocupar todo o quarteirão.

Destacam-se a sua traça, os telhados de quatro águas e o portal. No interior é de referir o átrio e a escadaria decorados com azulejos do século XVIII, as estantes do período barroco da biblioteca, ornamentadas com motivos chinoiserie são também de assinalar.

Muralhas

As muralhas da Vila-Adentro – núcleo primitivo da cidade de Faro – surgem no século IX, tendo sido edificadas provavelmente sobre uma muralha tardo-romana pré-existente, por iniciativa de Ben Bekr que governava a cidade de Ossónoba.

Toda a história da cidade ficou escrita nas muralhas.

Em 1596, fruto das invasões das tropas inglesas do conde de Essex, as muralhas ficaram bastante danificadas sendo posteriormente consolidadas.

De 1640 até 1664, após a Restauração, questões associadas à eficácia e estratégia defensiva levaram ao derrube das ameias de algumas torres de modo a receberem as bocas de fogo e ficarem niveladas com os muros das cortinas; esta intervenção surge como mecanismo de prevenção a uma eventual invasão espanhola.

O terramoto de 1755 constituiu mais uma investida às muralhas derrubando e danificando torres e baluartes.

Perdem importância como reduto militar no século XIX.

Arco do Repouso

A entrada a nascente às muralhas medievais, para quem vinha de terra, fazia-se através de uma porta em cotovelo, designada Arco do Repouso (por Afonso III aí ter repousado).

Esta entrada foi reforçada com duas torres albarrãs no século XIII, de origem almóada cuja finalidade era a defesa de uma das entradas mais vulneráveis da cidade.

A sua inovação defensiva passa pelo aparecimento da noção de contra-ataque passivo em que quem se aproximasse do pano de muralha ou da porta era arrematado pelas costas. Esta situação verificava-se devido ao avanço que as torres têm em relação à muralha.

Esta porta está associada à Conquista de Faro pelos Cristãos comandados por Afonso III, em 29 de março de 1249, e sobre a qual existe uma lenda que nos indica que a tomada de Faro se fez de uma forma pacífica, sem batalhas sangrentas.

Reza a lenda que um cavaleiro cristão e a princesa moura se apaixonaram e, ao fim de sucessivas entradas noturnas, este pediu para deixar entrar os amigos e assim se tomou Faro, ficando a princesa até hoje encantada no Arco.

Palacete Belmarço

Ocupa o gaveto do Largo D. Marcelino Franco e das Ruas de São Francisco e José Maria Brandeiro.

O edifício apresenta 2 pisos, exceto no torreão da esquina onde se contam 3.

Foi mandado construir pelo abastado comerciante Manuel de Jesus Belmarço, para sua habitação.

O projeto foi feito pelo arquiteto Manuel Joaquim Norte Júnior em Lisboa, em 1912, constituindo uma interessante manifestação da Arquitetura Revivalista.

No interior, merecem uma referência especial dois painéis de azulejos, datados de 1916 e assinados por Pinto, representando diversos trechos: a Torre de Belém, o Porto de S. João do Estoril, o Castelo da pena, etc.

Ermida Nossa Senhora Pé da Cruz

Situa-se no largo do Pé da Cruz, em tempos designado por Poço dos Cântaros.

Como data de construção aponta-se o ano de 1640 devido à data inscrita na verga do portal principal.

Por volta de 1660 foi inserida no interior da cerca seiscentista, construída após o período filipino.

No século XVIII, a fachada foi modificada, tendo sido substituídas as cantarias e realizados trabalhos de massa no frontão.

Também deste século, mais precisamente do 3.º quartel, data o Passo que se encontra nas traseiras do edifício.

Ainda de realçar é o belíssimo acervo escultórico e pictórico que se encontra no seu interior, de época barroca.

Onde Comer (Caixa)

Tertúlia Algarvia

O meu menú de 8,50 Euros:

Entrada: Pão e azeitonas.

Sopa: Creme de cenoura com laranja e amendoa laminada.

Prato: Salada de polvo com bata doce.

Vinho: A copo e da casa

Sobremesa: Musse de requeijão

A refeição estava excelente ao nível da confecção e apresentação. O serviço é de grande qualidade com espaços interiores e exteriores.

No interior temos uma área dedicada à apresentação e comercialização de artesanato e de produtos alimentares. Temos ainda exposições temáticas.

Coordenadas

Praça Afonso III, 13-15, 8000-167 Faro, Portugal | 289 821 044 | 963 636 567 | info@tertulia-algarvia.pt / http://www.tertulia-algarvia.pt/

De segunda a quinta-feira: 10h00-24h00 | Sexta-feira e sábado: 10h00-01h00 | Domingo: 10h00-23h00

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