A bienal cultural Monsaraz Museu Aberto vai celebrar 30 anos. Este certame cultural organizado desde 1986 pelo Município de Reguengos de Monsaraz e que a partir de 1998 se começou a realizar com periodicidade bienal vai decorrer na vila medieval de Monsaraz entre os dias 15 e 31 de julho.
O Monsaraz Museu Aberto é um festival que pretende abordar o que de melhor se faz na cultura e nas artes do espetáculo. A imagem do cartaz deste ano é uma reedição do primeiro, produzido em 1986.
A cerimónia de abertura da 22ª edição do Monsaraz Museu Aberto vai realizar-se na sexta-feira, dia 15 de julho, pelas 19h, no Largo D. Nuno Álvares Pereira, com a presença do Ministro da Cultura, Luís Castro Mendes. Nesta ocasião, a Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz e a Universidade de Évora vão assinar um protocolo que visa desenvolver em parceria projetos de investigação nacionais e internacionais, estágios científicos e técnicos, ações nos domínios do ensino e da formação, mas também de âmbito cultural com a Escola de Artes.
Na cerimónia haverá Cante alentejano com a atuação do Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz e um recital de acordeão com Gonçalo Pescada, da Escola de Artes da Universidade de Évora, artista que venceu há 10 anos o Concurso de Interpretação do Estoril e que com esse prémio lançou a sua carreira internacional para concertos na Alemanha, Espanha, França, Reino Unido, Itália e Bulgária. Às 19h30 será inaugurado o Centro Interativo da História Judaica em Monsaraz, com a atuação do músico e compositor Rão Kyao, que editou mais de duas dezenas de discos durante os seus 50 anos de carreira.
A antiguidade da minoria hebraica de Monsaraz encontra-se já documentada no foral concedido por D. Afonso III em 1276 e há várias fontes que indicam, com alguma precisão, a existência de provas documentais e arqueológicas que atestam a subsistência de uma próspera comunidade judaica em Monsaraz. O Centro Interativo da História Judaica em Monsaraz, que resultou da requalificação da Casa da Inquisição, pretende ser não só um lugar onde possa confluir essa informação, mas sobretudo, que seja gerador de ideias para a interpretação e entendimento da história e das gentes do concelho, enquanto produto e memória.
Pelas 20h30 decorre a visita às exposições patentes na bienal cultural. Às 21h15 vão ser apresentados os vinhos comemorativos dos 30 anos do Monsaraz Museu Aberto, produzidos pela CARMIM. Nesta iniciativa que se realiza no Jardim da Casa da Universidade serão degustados os vinhos CARMIM 30 Tinto e Branco e ouvir-se-á a segunda parte do recital de acordeão com Gonçalo Pescada. O CARMIM 30 Tinto é um vinho reserva de 2014 produzido a partir das castas tradicionais Alicante Bouschet, Aragonez e Trincadeira. O CARMIM 30 Branco, de 2015, foi produzido com as castas Síria e Antão Vaz.
A partir das 22h30, a Praça de Armas do Castelo vai receber o espetáculo Toros e Flamenco, com o cantador Rafael de Utrera, que durante a sua carreira acompanhou os maiores nomes do Flamenco, como Joaquín Cortés e Farruquito, e cantou com guitarristas como Paco de Lucía e Vicente Amigo. No toureio a pé vão atuar três matadores, nomeadamente Paco Ureña, Agustín de Espartinas e Paco Velásquez. A abrir a noite haverá um apontamento de toureio à portuguesa com a jovem promessa Inês Carvalho e o Grupo de Forcados de Monsaraz.
No dia 16 de julho, pelas 17h, no Observatório do Lago Alqueva decorre a palestra “A Física do Interstellar”, por António Lobo, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço. Às 19h45, o fim de tarde será no Jardim da Casa da Universidade com a atuação do AR Quarteto e a voz de Daniela Melo. Durante o espetáculo será servido o vinho CARMIM 30 Branco.
A partir das 22h30, no Largo D. Nuno Álvares Pereira, o Mestre António Chainho vai apresentar o disco “Cumplicidades”, lançado no ano passado para comemorar os seus 50 anos de carreira e que contou com a participação de músicos do Brasil, Angola, Cabo Verde, Espanha e Portugal. Para este espetáculo na vila medieval, o mestre da guitarra portuguesa convidou Mafalda Arnauth, Ana Magarreiro e Kajó Soares.
No domingo, dia 17 de julho, às 22h30, haverá um concerto da Orquestra de Câmara do Alentejo com os solistas Ricardo Mendes (violino), Jean Aroutiounian (viola) e direção musical de João Defeza. O programa que se vai ouvir no Largo D. Nuno Álvares Pereira inclui “As Bodas de Fígaro, K.492 – Abertura”, “Sinfonia Concertante em Mi bemol maior, K.364” e “Sinfonia nº 40 em Sol menor, K. 550”, de Wolfgang Amadeus Mozart.
No dia 19 de julho, o Monsaraz Museu Aberto propõe para o final da tarde um recital de flauta e violino com André Cameira e Andreia Fernandes, da Escola de Artes da Universidade de Évora. Durante o recital, que decorre pelas 19h45 no jardim da Casa da Universidade de Évora, será servido vinho branco CARMIM 30.
Na sexta-feira, dia 22 de julho, a bienal cultural sugere às 19h30 um concerto com Bernardo Tinoco (saxofone) e o AR Quarteto. Nesta iniciativa, que se realiza também no jardim da Casa da Universidade de Évora, haverá vinho CARMIM 30 Branco para o público.
Pelas 22h30, Miguel Gameiro e os Polo Norte apresentam um concerto acústico no Largo D. Nuno Alvares Pereira. Na vila medieval vão ouvir-se músicas como “Deixa o Mundo Girar”, “Aprender a ser feliz”, “Lisboa”, “Grito” e “Dá-me um abraço”.
Às 00h30 estreia-se um novo conceito na bienal cultural com o Monsaraz Emotions, que vai apresentar vários dj’s durante as madrugadas. Na primeira noite sobem ao palco da Praça de Armas do Castelo os dj’s Triple M e Mastiksoul.
Triple M é um dj de Reguengos de Monsaraz e vai apresentar um set de música house. O destaque desta noite Monsaraz Emotion vai para Mastiksoul, dj e produtor angolano que iniciou a sua carreira em 1992 e que está atualmente no segundo lugar na lista de junho do top dj’s nacional. É considerado um dos melhores produtores mundiais de música house e é uma presença constante nos melhores festivais nacionais e internacionais.
No sábado, dia 23 de julho, pelas 17h, no Observatório do Lago Alqueva, realiza-se a palestra “E no princípio era a luz”, por António da Silva, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço. Às 19h30, no jardim da Casa da Universidade de Évora, o final de tarde será com fado e cante alentejano, com as vozes de Bernardo Espinho e António Caixeiro, acompanhados pela guitarra portuguesa de Bruno Chaveiro e a viola clássica de João Domingos. Neste espetáculo será servido vinho branco CARMIM 30.
Pelas 22h30, no Largo D. Nuno Álvares Pereira, realiza-se o concerto da UÉ All Stars Jazz Ensemble com o convidado especial Paulo de Carvalho. A UÉ All Stars Jazz Ensemble reúne professores e ex-alunos do curso de jazz da Universidade de Évora, tem direção artística de Eduardo Lopes, e nos seus concertos interpreta estilos musicais como jazz, soul, pop e músicas do mundo.
A partir das 00h30, o Monsaraz Emotion apresenta na pista de dança da Praça de Armas do Castelo os dj’s FunkYou2 e WAO. FunkYou2 são uma dupla de dj’s que aliam a música house, rock, funk, techno, reggae e pop a uma energia contagiante. Na sua carreira regista-se o warm up de David Guetta no Festival Sudoeste em 2009 e no ano seguinte na festa de apoio à seleção nacional, no Estádio do Jamor, antes do concerto dos Black Eyed Peas.
WAO é um dj brasileiro que tem sido elogiado por dj’s de topo mundial como Hardwell e David Guetta. WAO foi Premiado no Beatport’s Electro House Top 10 com os singles “Troy”, editado pela Revealed Recordings, que é a editora de Hardwell, e “One”, com Miss Palmer e que foi lançado pela Spinnin Records.
O Monsaraz Museu Aberto prossegue no dia 24 de julho, pelas 19h30, no jardim da Casa da Universidade de Évora, com o concerto de percussão e eufónio “Da Alma…”. Nesta atuação, João Defeza (eufónio), Paulo Amendoeira (marimba e vibrafone) e o convidado especial Sérgio Galante (guitarra e eletrónica) interpretam Astor Piazzolla, António Pinho Vargas, Fernando Deddos e Sergei Rachmaninoff.
Às 20h30, Salvador Sobral vai apresentar o seu disco de estreia, “Excuse me”, acompanhado ao piano por Júlio Resende. Do jazz à bossa-nova, passando por boleros da América latina, o concerto em Monsaraz será apresentado num formato especial e intimista. Durante estes dois concertos será servido vinho CARMIM 30 Branco.
O último fim-de-semana do Monsaraz Museu Aberto integra a Festa do Cante nas Terras do Grande Lago e a Dark Sky Party Alqueva. Na sexta-feira, dia 29 de julho, pelas 19h será inaugurado o Clube Dark Sky, que vai ficar instalado na antiga Escola Primária da aldeia de Cumeada.
Às 22h, no Largo D. Nuno Álvares Pereira, realiza-se o espetáculo Alentejo Coral Jovem, que vai juntar o Grupo Coral Os Bel’Aurora de Campinho, Grupo Coral de Beja, Grupo Coral Os Discípulos de Beja, Grupo Coral Moços da Aldêa de Cabeça Gorda, Grupo Coral Juvenil Os Rama Verde de Vila Nova da Baronia e Os Dona Zéfinha. O padrinho deste encontro de grupos corais de jovens será Miguel Gameiro.
A última noite Monsaraz Emotions inicia-se às 00h30 com o Dj Malasiano, de Redondo. A fechar a pista de dança da Praça de Armas do Castelo estarão No Maka, os dj’s revelação de 2013, ano em que lançaram o primeiro single, “Levanta a mão”. As batidas afro e kuduro são as referências dos sets de No Maka que em 2014 lançaram o seu primeiro álbum, “Na Casa”.
No dia 30 de julho, pelas 22h, no Largo D. Nuno Álvares Pereira, realiza-se a Gala do Cante, com o Grupo Coral e Etnográfico Amigos do Alentejo do Feijó, Grupo Coral Os Rurais de Figueira de Cavaleiros, Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz, Mário Moita, Manuel Sérgio e José Manuel Farinha. A fechar a bienal cultural, no domingo, dia 31 de julho, pelas 20h, no jardim da Casa da Universidade de Évora, decorre uma adiafa com o Grupo Coral da Freguesia de Monsaraz, Grupo Coral Estrelas do Sul – Portel, Grupo Coral da Granja e Grupo Voces Al Alba, de Alconchel (Extremadura espanhola). Nesta adiafa será servido vinho CARMIM 30 Branco e Tinto.
A bienal cultural terá espetáculos pagos, nomeadamente Toros e Flamenco, com entradas a 5 euros, e o Monsaraz Emotions, com pulseira para um dia a 5 euros e para os três dias a 10 euros.
Exposições
O Monsaraz Museu Aberto terá exposições patentes diariamente durante as três semanas do festival, que poderão ser apreciadas de segunda a quinta-feira das 10h às 13h e entre as 16h e as 22h, e nos restantes dias das 10h às 23h.
O escultor João Cutileiro vai apresentar uma exposição de fotografia na Igreja de Santiago – Galeria de Arte. Foi em Reguengos de Monsaraz que João Cutileiro expôs pela primeira vez, em 1951, tinha 14 anos, tendo também participado numa das primeiras edições do Monsaraz Museu Aberto.
A fotografia de João Cutileiro integra a sua obra na perspetiva do aprisionamento do real, na captura do instante, do gesto, do olhar. Predomina o retrato e os retratados são sempre os amigos, a família, os resultados da observação constante e da convivência diária, parte do contexto criativo e da envolvência próxima. A exposição na Igreja de Santiago – Galeria de Arte faz o pleno da vida de João Cutileiro, com uma seleção de trabalhos da sua coleção particular realizados entre 1959 e 2015.
No Museu do Fresco vai estar patente uma mostra de arqueologia intitulada “Monsaraz Antes da História – vestígios de um povoado da Idade do Bronze”. Esta exibição centra-se na escavação arqueológica realizada pela Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz e pela Associação Portanta na área traseira da Casa da Inquisição, em Monsaraz, local onde se identificaram os vestígios da mais antiga ocupação humana desta povoação, datados de cerca de 2000 anos antes da construção do seu castelo.
A exposição inicia-se por fazer referência à realidade que era vivida pelas populações no fim do III / inícios do II milénio a.C.. Nesta época, o sistema magico-simbólico, social e produtivo conhecido até então transforma-se, nascendo uma nova sociedade, que abandona os antigos sítios, mantendo, no entanto, a sua ligação aos antepassados através dos velhos monumentos megalíticos que pontuavam a paisagem do atual concelho de Reguengos de Monsaraz.
Num segundo momento da exposição há uma centralização na escavação arqueológica realizada em Monsaraz, observando-se a importância que este sítio terá tido no século IX a.C.. A mostra termina com a integração da Monsaraz do século IX a.C. na rede de povoamento da época, destacando-se diversos sítios no concelho ocupados no final da Idade do Bronze, nomeadamente o sítio da Rocha do Vigio 2, com a presença de materiais arqueológicos recuperados durante a escavação deste local.
Luísa Ferro vai apresentar na junta de freguesia a exposição de pintura “Monsaraz, à luz de um céu imenso”. Os seus quadros são a óleo sobre tela e a sua arte é norteada sobretudo pelo património edificado, em especial paisagens noturnas, particularmente os casarios do imenso sul alentejano. Admiradora das cores de veludo do céu escuro do Alentejo tenta reproduzir essa magia nas suas telas, em especial em Monsaraz.
Os alunos da Escola de Artes da Universidade de Évora vão apresentar a exposição “Anésia – Artes Visuais” na Casa Monsaraz. Anésia Manjate nasceu em Moçambique e procura trabalhar com materiais naturais e artificiais, descontextualizando-os do seu meio natural, de modo a criar um espaço de referência e reflexão cultural na contemporaneidade.
Nas ruas de Monsaraz vai poder ser apreciada a exposição de fotografia “Paisagem Interior – Inner Landscape”, de Telmo Rocha. A mostra é um percurso sobre Monsaraz que se afasta e se encontra numa trilogia entre o espaço que se vê, o espaço que se vive e o espaço que se sente. Uma espécie de conjuntos, em que cada imagem se encerra em si mesma, ao mesmo tempo que se abre às outras e se revela a quem a vê.
Na Casa Lagareiro vai estar exposta uma mostra de design industrial e mobiliário, intitulada “Com quantos paus se faz um lugar ao sol”. Aos alunos da Escola de Artes da Universidade de Évora foi proposto desenvolverem uma cadeira em contraplacado de madeira, de aspeto leve, em que a acoplagem funciona apenas por encaixes, sem levar cola a unir todos os elementos do objeto.
“Pessoas” é o título da mostra de esculturas em barro que Gil Kaalisvart vai apresentar na Torre de Menagem. No retrato esculpido, o artista vê durante horas a pessoa à sua frente, retrata-lhe a expressão, fixa-a no barro, faz-lhe o molde e revela-a em gesso ou noutro material.
O Grupo de Forcados Amadores de Monsaraz, que se estreou em 2004, vai abrir a sua sede, a “Tertúlia Tauromáquica”, para mostrar os momentos mais importantes da vida deste grupo através da apresentação de um espólio que se assume como um tributo à arte tauromáquica. Este grupo de forcados tem realizado também atividades ligadas ao associativismo jovem, participando em eventos a favor de causas sociais e da comunidade.
No restaurante Casa do Forno vai estar patente uma exposição para assinalar os 30 anos do Monsaraz Museu Aberto. Nesta mostra vão ser apresentados cartazes do Monsaraz Museu Aberto que foram produzidos durante estas três décadas para promoverem o festival.
Roteiro gastronómico e “experiências” nos agentes turísticos
A bienal cultural propõe pelo segundo ano um roteiro gastronómico com o menu Monsaraz Museu Aberto em 11 restaurantes da freguesia de Monsaraz. Por 12,5 euros, os visitantes poderão degustar um menu (entradas, prato e sobremesa) diversificado nos restaurantes “O Alcaide”, “O Bizaca”, “Casa do Forno”, Centro Náutico de Monsaraz, “O Convívio”, “Feitiço da Moura”, “Casa Modesta”, “Sem-fim”, “Lumumba”, “Taverna Os Templários” e “Xarez”.
Os agentes turísticos da região prepararam diversas atividades para os visitantes desfrutarem durante o Monsaraz Museu Aberto. Assim, propõem um conjunto de “experiências”, nomeadamente conhecer o “Caminho das Oliveiras Milenares” (Horta da Moura), Chill Out Monte Alerta – Sentir o pôr-do-sol (Monte Alerta), astroturismo na Casa Saramago e no Observatório Lago Alqueva, manusear o barro na Casa do Barro – Centro Interpretativo da Olaria de S. Pedro do Corval, passeios de barco e Museu do Azeite (Restaurante Sem-fim) e visitas à horta biológica e a uma exposição no Monte do Laranjal. Os visitantes poderão ainda ver o pôr-do-sol com vista panorâmica para a planície na Casa D. Nuno e na Casa do Cante, fazer passeios de barco e massagem hídrica na Casa D. Antónia, passeios a pé e de bicicleta pelo milenar Olival da Pega (Vila Planície), atividades náuticas, BTT e passeios a cavalo e de charrete no Centro Náutico de Monsaraz, mas também provas de vinho, caças ao tesouro, entre outras atividades no Hotel São Lourenço do Barrocal, apreciar a exposição e ver os artistas a pintar na Galeria Monsaraz, e conhecer o Museu tauromáquico José Mestre Batista. Fonte: C.M.Reguengos de Monsaraz