“Numa antiga escola à porta da aldeia de Campo Benfeito, Castro D’Aire quatro mulheres da região rodeadas de teares, linho e burel criam peças únicas e singulares, conhecidas e vendidas em todo o país e com clientes para além das fronteiras. Peças delicadas como só o linho pode ser e robustas como só o burel se pode sentir!”
Texto: Luisa Mendes Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves
A aldeia de Campo Benfeito conta com cerca de 50 habitantes que se recusam a partir e onde criaram os seus próprios postos de trabalho. É uma aldeia com jovens e para além da Cooperativa das Capuchinhas a reconhecida Companhia de Teatro de Montemuro é uma estrutura sólida que investe os seus recursos na criação de novos projetos artísticos, na formação, na circulação e internacionalização dos espetáculos
A preservação do património é essencial para nos conhecermos e transmitir, às gerações futuras, uma vivência, um conhecimento e combater, neste caso, o desemprego e o abandono das regiões interiores.
Foi nos idos anos 80 que uma ação de formação fez com que as sócias fundadoras das Capuchinhas iniciassem esta aventura e que tem tudo para continuar. Numa década em que imigrar seria quase a única opção uma formação em corte e costura deu o mote para esta Cooperativa de mulheres que decidiram tomar conta do seu presente e futuro. Esta foi complementada mais tarde por uma formação em gestão de empresas que teve lugar no Porto aí foi encontrado o nome para a Cooperativa.
São seis sócias e na realidade quatro com dedicação exclusiva. Com o trabalho que sai das suas mãos é possível pagar os 4 ordenadas bem como todas as despesas inerentes, designadamente a matéria prima dado que o burel (a lã prensada) que aqui costuram e o linho que aqui tecem são adquiridos fora.
Das mãos de Ester Duarte, Henriqueta Félix, Isabel Rodrigues e Engrácia Félix saem verdadeira obras de arte para vestir.
Do trabalho artesanal feito nos teares antigos resultam peças de vestir em linho duma beleza ímpar.
Para obtenção de algumas das cores os métodos usados ainda são as tintas naturais que se obtém a partir do tingimento da lã de ovelha branca com líquenes, urtigas, outras plantas e frutos. A técnica usada é ancestral e isso passa para cada uma das peças que sai desta antiga Escola Primária desativada.
Um dos teares com 200 anos ainda cumpre a sua missão de dar vida a peças de vestuário únicas.
A Câmara Municipal cedeu o espaço à Cooperativa Capuchinhas CRL, com a condição de ser mantido pelas sócias. Fica disponível enquanto o projeto continuar.
As coleções tem a assinatura da estilista Paula Caria que as desenha exclusivamente para as Capuchinhas. Uma coleção nova a cada ano, alternando uma de Verão e outra de Inverno. De cada coleção são feitas entre 20 e 30 peças diferentes.
Existe também a possibilidade de fazer peças à medida do cliente e com cores diferentes.
A clientela é na sua maioria portuguesa, alguns clientes fixos incluindo um no Japão ajudam a sustentabilizar este projeto.
Existe uma grande atração pela forma de trabalhar artesanal e muitos turistas já procuram visitar este espaço.
* a origem do nome está na Capucha a capa antiga que protegia do frio, do vento e do gelo.