À descoberta dos Chafarizes de Lisboa III

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A empresa EPAL comemora, em 2018, 150 anos de existência. Nesta edição publicamos a terceira caminhada à descoberta do património relacionado com o abastecimento de água à cidade de Lisboa onde incluímos o Aqueduto das Águas Livres e o Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras.
Os chafarizes faziam parte desta rede de distribuição e, só por si, merecem a nossa atenção. Para além disso, ao criarmos estes percursos vamos conhecer também uma cidade de Lisboa em grande transformação. Uma nota menos positiva para o estado de manutenção dos chafarizes.
Nesta edição iremos apresentar uma sugestão de percurso circular com cerca de 7,3 km de extensão.

Fotografias: Vasco de Melo Gonçalves

Chafariz de São Sebastião da Pedreira
Mandado executar em 1787, sob o risco do arq. Francisco António Ferreira Cangalhas, somente a 2 de Setembro de 1791 foi inaugurado e as suas águas começaram a correr, sendo alimentado pelo ramal que sai da Cruz das Almas para o Campo de Santana. É um chafariz de desenho simples, caracterizado pela monotonia dos seus vãos simétricos e pelo extremo depuramento das suas formas. As armas reais, localizadas sob o remate do corpo central do espaldar, encimadas por uma esfera, são os únicos elementos decorativos. Merece destaque a interessante integração urbana deste chafariz setecentista, resultante de uma intervenção urbanística do séc. XIX. Fonte: C.M.L.

O estado do nosso património!

Chafariz da Rua do Arco a São Mamede
Este pequeno chafariz de encosto, implantado junto ao Arco de S. Mamede, revela uma clara influência do modelo de chafariz ligado ao aqueduto, introduzido pelo arq. Reinaldo Manuel dos Santos. Segundo projeto do arq. Honorato José Correia de Macedo e Sá foi construído por ordem da Direção das Águas Livres de 12 de Junho de 1805, sendo alimentado pelas águas provenientes da Galeria da Esperança, da Água Livre, através da Casa do Registo das Amoreiras. Integralmente em cantaria de calcário, o seu pequeno espaldar de encosto, rematado em cortina, surge limitado lateralmente por pilastras, que servem de moldura às duas tabelas recortadas do corpo central. Servido por duas bicas,instaladas na zona inferior de cada pilastra, estas vertem água para dois tanques simétricos, de pequenas proporções e forma quadrangular. Fonte: C.M.L.

Chafariz do Largo do Rato
Construído entre 1753 e 1754, segundo risco de Carlos Mardel, a sua estrutura arquitetónica setecentista, de cenografia barroca, segue o esquema geral de outros chafarizes mardelianos. Em pedra lioz, trata-se um chafariz de espaldar (zona nobre do conjunto), encostado a um pano murário, surgindo decorado simetricamente, recorrendo a aletas, delimitado lateralmente por 2 pilastras rusticadas com lacrimais, rematado por um pequeno frontão triangular coroado por urnas e encimado por arco de volta perfeita, formando um nicho, gradeado a ferro e integrado na balaústrada do Palácio dos Duques de Palmela. A água corre em 2 níveis, um mais elevado, onde um tanque poligonal recebe água de 2 bicas destinadas a particulares e aguadeiros, e um tanque de proporções menores, ao nível térreo, utilizado para bebedouro dos animais. Este chafariz era alimentado por um encanamento especial, que saía diretamente da Mãe de Água das Amoreiras. Implantado harmoniosamente na confluência da Rua do Salitre e da atual Rua da Escola Politécnica, o seu aspeto monumental e cenográfico foi esbatendo-se até aos nossos dias, passando, hoje, despercebida a sua importância como mobiliário urbano,perdido num canto do Largo do Rato. Fonte: C.M.L.

Chafariz do Arco do Carvalhão
Este chafariz, também conhecido como Chafariz da Cruz das Almas, pela sua localização inicial no centro de uma pequena praceta junto à referida Cruz das Almas, surge atualmente encostado ao forte pilar entre os dois grandes arcos do Aqueduto das Águas Livres, sendo alimentado pela água da galeria de Santa Ana, em Campolide. Edificado numa época mais avançada, 1823, retoma, no entanto, um modelo de pequenos chafarizes de desenho simplificado, projetados por Reinaldo Manuel dos Santos. Trata-se de um pequeno chafariz de encosto, com espaldar limitado lateralmente por pilastras, cujo remate superior contracurvado surge coroado por uma urna sob a forma de bola. Abaixo do remate, o espaldar ostenta uma tabela com a inscrição da data de construção do chafariz, 12 de Outubro de 1823, eAGOAS LIVRES. A marca de posse camarária e o nº do chafariz foram inscritos mais tardiamente, em 1890. No plano inferior da tabela é visível a guarnição de duas franjas decoradas com lacrimais. Fonte: C.M.L.

Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras
A entrada em Lisboa do Aqueduto das Águas Livres, marcada pelo arco da Rua das Amoreiras, realizado pelo arquiteto húngaro Carlos Mardel, entre 1746 e 1748, fechou-se no Reservatório da Mãe d’Água das Amoreiras.
A cisterna conheceu três plantas, apresentando um projeto inicial cuja implantação incluía mais três arcos levando o edifício até à face norte do Largo do Rato. No projeto final, o reservatório surgiu simplificado com a diminuição do número de tanques e da carga decorativa exterior.
Após a morte de Carlos Mardel, em 1763, o reservatório final do Aqueduto, iniciado em 1746, ainda estava por concluir. A obra foi retomada, em 1771, por Reinaldo Manuel dos Santos, que introduziu algumas modificações ao plano inicial.
As principais alterações ao projeto sentiram-se na cobertura do edifício, na cascata e na substituição das quatro colunas toscanas, projetadas por Mardel, por quatro robustos pilares quadrangulares.
A obra do reservatório, apesar de ter sido várias vezes retomada, mesmo após a morte de Reinaldo dos Santos, em 1791, só viu terminado o remate da cobertura e mais alguns pormenores em 1834, já durante no reinado de D. Maria II.
Atualmente, o Reservatório da Mãe d’Água apresenta-se como um espaço amplo, luzente e unificado, sugerindo o seu interior a planta de uma igreja estilo Salão, propondo a sacralidade do espaço.
A água das nascentes jorra da boca de um golfinho sobre uma cascata, construída com pedra transportada das nascentes do Aqueduto das Águas Livres, e converge para o tanque de sete metros e meio de profundidade, que apresenta uma capacidade de 5.500 m3. Do tanque emergem quatro colunas que sustentam um tecto de abóbadas de aresta que, por sua vez, suporta o magnífico terraço panorâmico sobre a cidade de Lisboa.
Na frente ocidental deste reservatório encontra-se a Casa do Registo, local onde se controlavam os caudais de água que partiam para os chafarizes, fábricas, conventos e casas nobres. Fonte: EPAL

Aqueduto das Águas Livres
Construído entre 1731 e 1799, por determinação régia, o Aqueduto das Águas Livres constituiu um vasto sistema de captação e transporte de água, por via gravítica. Classificado como Monumento Nacional desde 1910 é considerado uma obra notável da engenharia hidráulica.
A concretização desta obra implicou o recurso às nascentes de água das Águas Livres integradas na bacia hidrográfica da serra de Sintra, na zona de Belas, a noroeste de Lisboa.
O trajeto escolhido coincidia, em linhas gerais, com o percurso do antigo aqueduto romano. A sua construção só foi possível graças a um imposto denominado Real de Água, lançado sobre bens essenciais como o azeite, o vinho e a carne.
O sistema, que resistiu ao terramoto de 1755, é composto por:
Um troço principal, de 14 km de extensão, com início na Mãe de Água Velha, em Belas, e final no reservatório da Mãe de Água das Amoreiras, em Lisboa
Vários troços secundários destinados a transportar a água de cerca de 60 nascentes
Cinco galerias para abastecimento de cerca de 30 chafarizes da capital
No total, o sistema do Aqueduto das Águas Livres, dentro e fora de Lisboa, atingia cerca de 58 km de extensão em meados do século XIX, tendo as suas águas deixado de ser aproveitadas para consumo humano a partir da década de 60, do século XX.
A extraordinária arcaria do vale de Alcântara, numa extensão de 941m, é composta por 35 arcos, incluindo, entre estes, o maior arco em ogiva, em pedra, do mundo, com 65,29 m de altura e 28,86 m de largura. Fonte: EPAL

Informações úteis
O Museu da Água estará aberto ao público, gratuitamente, durante todos os fins-de-semana de 2018, no âmbito das Comemorações dos 150 Anos da EPAL, S.A.

RESERVATÓRIO DA MÃE D’ÁGUA DAS AMOREIRAS
Morada | Praça das Amoreiras 10, 1250-020 Lisboa
GPS: 38º43’15,64”N 9º9’20,12”W
Horário | Aberto de Terça a Domingo entre as 10 e as 17h30
(encerra para almoço entre as 12h30 e as 13h30).

AQUEDUTO DAS ÁGUAS LIVRES
Morada | Calçada da Quintinha 6, 1070-225 Lisboa
GPS: 38º43’47.09”N 9º10’13.55”W
Horário | Aberto de Terça a Domingo entre as 10 e as 17h30.

Track de GPS do Percurso: https://ridewithgps.com/routes/28278263

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2 comentários

  1. João Paulo Fidalgo Ligado

    Acho fantástico estas três rotas dos chafarizes de Lisboa, mas falta uma parte (a zona de Alcântara, Belém e Ajuda).

    Obrigado pela distribuição destas reliquias

    • Caro João Paulo Fidalgo, obrigado pelo seu comentário. Face à extensão e número de chafarizes estamos a criar diversos trajetos mas, iremos publicar a zona que referiu. Bons passeios.