No âmbito de uma iniciativa levada a cabo pela associação ambiental Quercus, com o apoio da Transdev Portugal, foram colocadas no passado dia dia 26 de fevereiro, no Parque Polis, na Guarda, 25 caixas-ninho construídas pelos reclusos do Estabelecimento Prisional da Guarda.
A ação, que contou ainda com a presença e colaboração de alunos da Escola Básica da Sequeira e da Escola Beatriz Ângelo, teve como objetivo proporcionar uma zona de nidificação e de abrigo para as aves.
Segundo a Quercus, o conhecimento prévio e preciso dos locais onde estão instalados os ninhos vai facilitar o estudo das aves que frequentam aquele espaço, evitando ainda que estas corram riscos ao terem que procurar ninho noutros locais menos seguros.
“A importância da colocação de caixas-ninho em locais apropriados é fundamental, pois qualquer perturbação pode provocar o abandono do ninho pelas aves. Por outro lado, os buracos nas árvores, ou mesmo em construções humanas, são cada vez mais raros, porque as árvores mais velhas são cortadas e as construções modernas são demasiado herméticas para as aves“, explica Bruno Almeida, presidente do Núcleo Regional da Guarda da Quercus.
O mesmo responsável salienta que “colocar estas caixas-ninho à disposição das aves é prestar-lhes uma grande ajuda, uma vez que as aves se afastam dos locais à medida que vão deixando de ter condições para se reproduzirem. Ora, como na sua maioria as espécies que utilizam caixas-ninho são consumidores secundários ou predadores, o seu desaparecimento provoca desequilíbrios ecológicos”.
A Quercus alerta que as caixas-ninho devem ser sempre colocadas durante o inverno, de forma a que as aves se possam habituar à sua presença e adotá-las como abrigo. Deve-se procurar que a entrada não fique diretamente virada para o sol, fixando o abrigo com uma ligeira inclinação para a frente.
Por outro lado, nunca devem ser utilizados pregos para a fixação das caixas nas árvores, sendo que as cordas e arames devem ficar separados do tronco por pequenas tábuas em forma de cunha, para que não se prejudique o crescimento das árvores. Todos os anos, no outono, deve fazer-se a limpeza das caixas, acompanhado do registo dos materiais utilizados nos ninhos, como musgos, penas ou pêlos.
Refira-se que esta ação integra-se numa iniciativa de mecenato da Transdev, que desde 2017, após a tragédia dos incêndios que devastaram milhares de hectares e levaram a uma diminuição significativa das condições de sobrevivência de várias espécies animais em Portugal, decidiu estabelecer um protocolo de colaboração com a Quercus, subvencionando a reflorestação e outras ações de proteção à biodiversidade.
Recorde-se que, no passado mês de janeiro, numa ação conjunta realizada em Vila Velha do Ródão (Castelo Branco), a Quercus e a Transdev procederam à libertação de dois Grifos juvenis recuperados no CERAS – Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens.