A proposta desta edição é pouco convencional pois aliamos a caminhada com a bicicleta (bicicleta dobrável) num percurso circular com cerca de 30 km. A bicicleta dobrável foi concebida para uma utilização citadina mas, no meu entender, pode e deve ter utilizações diferentes.
Texto e fotografia: Vasco de Melo Gonçalves
Um percurso com 30 km é considerado extenso para quem o faz a pé mas, numa progressão mista, é perfeitamente acessível. O percurso que escolhi alia trajetos de pé posto com estradões de terra batida, asfalto e ciclovia. A escolha deste tipo de percurso teve como objetivo conciliar a Natureza com destinos culturais e urbanos: Mafra – Capela Nossa Senhora do Arquiteto – Forte do Zambujal – Senhora d’Ó – Foz do Lizandro – Ericeira – Mafra.
Num Verão que teima em se mostrar saímos de Mafra com o céu coberto e uma temperatura agradável mas, ao longo do dia a temperatura apertou.
Destaques
À saída de Mafra e em direção ao Arquiteto, quando caminhamos no bonito Trilho do Senhor Heitor, temos alguma dificuldade na progressão com a bicicleta ao lado pois o caminho estreito está coberto de vegetação.
A descida, em escada e caminho estreito, do Forte do Zambujal até à estrada M549 tem de ser feita com cuidado.
O regresso da Ericeira a Mafra, pela N116, é feita parcialmente por uma ciclovia e, antes de chegar à Achada pedalamos para o interior para fugir ao trânsito e ao perigo (excesso de carros e falta de respeito pelos ciclistas) desta via.
PONTOS DE INTERESSE
Forte do Zambujal
Este forte defendia o desfiladeiro de Fonte Boa da Brincosa, o vale da Senhora do Porto (ou Senhora do Ó) e a estrada da Carvoeira.
Apresenta uma planta composta, constituída por reduto central e bateria avançada, correspondendo a uma das mais elaboradas construções da 2ª Linha. A ligação à zona da bateria é efetuada por um túnel escavado na rocha. Conservam-se ainda parte dos degraus originais, estando a área preparada para visita. Esta estrutura é única no conjunto das Linhas de Torres, bem como o acesso revestido a pedra pelo qual se acede à bateria. Combina escavação da rocha com camisa em pedra, constituindo um dos elementos mais marcantes desta obra. Direcionada aos pontos de controlo e defesa do Forte do Zambujal, encontrava-se a bateria, onde se colocavam as duas peças de artilharia que estariam atribuídas ao Forte.
Esta estrutura encontrava-se também rodeada por fosso e estava ligada ao acesso por uma paliçada, detetada nas escavações arqueológicas.
A plataforma onde se colocavam as peças de artilharia estava guarnecida com quatro canhoneiras rasgadas no parapeito e uma plataforma em madeira também detetada nas intervenções arqueológicas. Fonte: Linhas de Torres
Igreja de Nossa Senhora do Ó ou do Porto na Carvoeira
A Igreja de Nossa Senhora do Ó ou do Porto encontra-se apartada da povoação da Carvoeira, em local próximo da ribeira de Cheleiros. Nas suas imediações implantam-se, também, uma ponte gótica e o cemitério da povoação.
O imóvel, de planta longitudinal, integra uma igreja com galilé, sacristia e várias dependências anexas aos alçados laterais. Os volumes encontram-se articulados e dispostos na horizontal, resultando numa volumetria paralelepipédica escalonada com coberturas diferenciadas em telhados de duas e uma água. A fachada principal virada a poente é precedida por galilé de planta retangular, à qual se acede através de arco de volta perfeita ladeado por dois vãos quadrados, separados do vão central por colunelos. A fachada termina em empena, com cornija saliente rematada por cruz latina sobre base simples No segundo registo, por cima da galilé, surge uma janela quadrada, emoldurada e sobreposta por óculo circular. No topo do cunhal sul da galilé surge um relógio de sol em cantaria ostentando a data de 1763. O acesso ao templo é feito por portal axial com moldura em cantaria, munido de friso com a data inscrita de 1830, sobrepujado por cornija saliente. Na fachada posterior em empena, abre-se um pequeno óculo que corresponde à capela-mor e, de ambos os lados, surgem os corpos adossados à nave. O alçado norte, por sua vez, é marcado pela presença de uma dependência anexa que acompanha parcialmente os dois volumes escalonados referentes à cabeceira e ao corpo da igreja, implantando-se também, deste lado, o corpo da escadaria que conduz ao campanário.
O interior do templo de nave única apresenta teto de três panos e paredes brancas percorridas por rodapé de azulejos azuis e brancos sobre um segundo nível de azulejos em roxo manganês. O coro-alto corresponde a uma estrutura de madeira assente sobre duas colunas. Os alçados laterais da nave são rasgados por frestas com capialço, surgindo a porta de acesso ao exterior no alçado sul. No alçado norte implanta-se o púlpito com base pétrea moldurada e caixa composta por balaustrada torneada. Em ambos os alçados, junto ao arco triunfal, subsistem dois retábulos assentes em altares paralelepipédicos forrados a azulejo industrial imitando os antigos. Estes retábulos, que incluem ainda uma pintura a óleo sobre madeira, apresentam planta reta de um só eixo em talha dourada e policromada, enquadrada por colunas pseudo-salomónicas e friso com cornija. O retábulo que se encontra do lado da Epístola apresenta ainda o ático recortado contendo, ao centro, uma moldura circular com a representação duas setas cruzadas alusão a São Sebastião, primeiro orago da igreja. A capela-mor é de planta retangular, rasgada por vão de janela no alçado sul e porta de acesso à sacristia no alçado norte, os alçados deste espaço são também rematados por cornija saliente sobre a qual assenta a cobertura interior em abóbada de berço. O retábulo-mor corresponde a uma estrutura de talha polícroma de gosto rococó rematada por frontão em tons de azul, dourado e imitação de pedra nas faces laterais.
Rodeia o edifício um adro murado de planta sensivelmente triangular, dentro do qual se ergue um cruzeiro em calcário com cruz latina rematada por haste quadrada. Assenta esta cruz num plinto paralelepipédico com a inscrição “AVE CRUX / SPES VNICA”. No degrau que se encontra logo por baixo surge a data de 1668.
História
A igreja implanta-se num local de ancestral sacralidade, onde foram identificados níveis de ocupação de época romana. A utilização religiosa do espaço está testemunhada desde época paleocristã, tendo-se identificado sucessivos níveis de tumulação até à Baixa Idade Média. Em 1988 a igreja foi assaltada, desaparecendo a quase a totalidade das imagens, incluindo a de Nossa Senhora do Ó. Igualmente nos anos 80 todo o conjunto foi restaurado.
Fonte: Maria Ramalho/DGPC/2015. Colaboração de Ana Pagará / Maria do Carmo Almeida/ Paulo Fernandes/C.M. Mafra
INFORMAÇÕES ÚTEIS
Posto de Turismo de Mafra
Av. das Forças Armadas, 28 2640-495 Mafra
Telef.: 261 817 170 / turismo@cm-mafra.pt
Posto de Turismo da Ericeira e Centro de Interpretação da Reserva Mundial de Surf
Praça da República, 17 2655-347 Ericeira
Telef.: 261 863 122 / turismo.ericeira@cm-mafra.pt
Palácio Nacional de Mafra
Terreiro D. João V, 2640 Mafra, Portugal
Telef. (+351) 261 817 550 / geral@pnmafra.dgpc.pt / www.palaciomafra.pt/
Horários
Palácio: Das 09h30 às 17h30
Núcleo de Arte Sacra e Enfermaria encerram das 13h00 às 14h00
Biblioteca (leitores)
Dias úteis – das 09h30 às 13h30 e das 14h00 às 16h00
Basílica
Diariamente das 09h30 às 13h00h e das 14h00 às 17h30
Encerramento
Terças-feiras e nos dias 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro
Onde Comer
A Ericeira possui uma serie de restaurantes de qualidade e para todo os tipos de preços. Desta vez comemos no Brunch Me, um espaço muito bem decorado no centro da Vila e com preços acessíveis.
Track de GPS: https://ridewithgps.com/routes/28170481