Orvalho detém importante repositório da Laurissilva Continental

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No passado dia 25 de maio, realizou-se no Orvalho o Ateliê de 2019 da iniciativa do Município de Oleiros Dez Freguesias, Dez Experiências. A segunda metade da ronda pelas freguesias do concelho não poderia ter começado melhor, com a valorização dos ativos histórico-culturais, naturais e paisagísticos da freguesia.

Com a participação de 104 pessoas, a jornada iniciou-se no edifício da APROLISE, atualmente a funcionar como centro de artes manuais. Ali foi possível interpretar o ciclo do linho através de uma explicação da Eng.ª Inês Martins; dos painéis elaborados a partir das aguarelas de Augusto de Matos – expostos permanentemente naquele local – e do trabalho ao vivo e testemunho das tecedeiras presentes. Naquele local foi também possível visitar o ateliê e a sala de exposições das obras de arte feitas em arame pelo artista Jorge Marquez, presente na ocasião. Recorde-se que este é o autor de um jaguar XK120, em arame, o qual se encontra no Museu Automobilístico e da Moda de Málaga (Espanha).

Animado com a atuação dos Bombos do GAIO (Grupo dos Amigos Incondicionais de Orvalho) e confortado com um café de cafeteira e uma filhó, o grupo partiu à descoberta de novas experiências, havendo lugar para a recriação de algumas tradições e costumes por parte do GAIO, incondicional no apoio concedido a esta atividade, tendo proporcionado vários momentos inesquecíveis e bastante apreciados por todos.

Chegados à Cascata da Fraga d´Água d´Alta – um importante geomonumento que integra o Geopark Naturtejo – o grupo pôde ouvir as explicações da geóloga Joana de Castro Rodrigues, do Geopark Naturtejo, a qual abordou a geomorfologia do local, a origem de todo o relevo apalachiano e a importância geológica da região. De seguida, o Prof. Carlos Pinto Gomes, da Universidade de Évora, realçou a importância de todo aquele bosque reliqua, o qual considera ser um notável fitomonumento – testemunho vivo da Floresta Laurissilva Continental. Para além de importantes considerações no âmbito da conservação do local, o Professor deu exemplos práticos para a valorização de todo o habitat prioritário e especificamente, da rara comunidade de Azereiro (Prunus lusitanica) existente.

Durante a jornada, várias foram as referências feitas à toponímia local, como a do povoado Aziral, da aldeia de Orvalho – que poderá estar ligada a determinada vegetação típica deste solo, alimentada com a humidade formada e desprendida durante a noite, ao baixar a temperatura -; ou até mesmo ao nome do rio Zêzere – aparentemente relacionado com o da espécie Azereiro.

Após a visita ao núcleo antigo de Orvalho, a atividade culminou com um almoço lusitano, em pleno Miradouro do Mosqueiro, ao qual se seguiu uma recriação pela Companhia de Teatro Viv´Arte, alusiva aos Lusitanos – os quais, segundo a tradição, ali teriam o seu refúgio e “castelo”.

Com organização conjunta a cargo do Município de Oleiros e da Junta de Freguesia de Orvalho, contando com o apoio do GAIO, a atividade revelou-se bastante genuína e enriquecedora e abre assim com chave de ouro a segunda metade do ciclo de experiências que o Município se propõe realizar pelo concelho até ao final de 2019. O próximo ateliê está já marcado para o dia 22 de junho, com o Ateliê da Cereja, na freguesia de Sarnadas de S. Simão. Os interessados em participar deverão inscrever-se até ao dia 14 de junho, na Casa da Cultura de Oleiros, presencialmente ou através do telefone 272 680 230.

Esta atividade inscreve-se no projeto intermunicipal Beira Baixa Cultural – na categoria Ateliês Temáticos de Cultura e Gastronomia, o qual é promovido pela Comunidade Intermunicipal e Municípios que a constituem, sendo cofinanciado pelo Fundo de Desenvolvimento Europeu / Portugal 2020.

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