A abundância de água e a riqueza da terra faz com que tudo seja extremamente exuberante. Toranjas, figos, castanhas, maças , dióspiros, milho, uva …. este é o universo que aqui encontramos.
Quando conversei com Pedro Malheiro Barbosa, dono desta quinta de família e o responsável pela transformação que vemos hoje, disse-me que Agra significava terra pobre. Depois de conhecer a Quinta com esse nome, posso comprovar que é mesmo o oposto. Esta Quinta é duma riqueza ímpar e o seu jardim pode-se comer! Literalmente.
Mas vamos por partes.
Texto: Luisa Dias Mendes Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves
“A recuperação desta quinta foi feita com um critério muito apertado, tudo o que fosse possível foi aproveitada e restaurado utilizando os processos e materiais da época, com a ajuda de alguns “Velhos Mestres” artesãos ainda vivos. Foi todo um processo moroso, mas foi com grande satisfação de toda a equipa que se chegou ao resultado final.”
Sore a Quinta
Esta antiga propriedade agrícola localizada em pleno meio rural, situada a 1.8 Km do centro de Ponte de Lima, está inserida na REN (reserva ecológica nacional) e na RAN (reserva agrícola nacional), encontrando-se num recanto da freguesia de Correlhã, encostada ao rio Trovela, afluente do rio Lima.
O conjunto edificado é constituído por duas casas, a primeira a ser construída, teria tido início anterior ao séc. XVII. À época, a edificação do assento de lavoura, foi para criar uma área de habitação na parte superior e adega para fabrico do vinho no piso inferior. Nessa altura para garantirem a estabilidade térmica na adega, aproveitaram a inclinação do terreno, construindo de forma a que a parte virada a poente e parte da fachada virada a sul, ficassem enterradas para as proteger do sol. Enquanto as frentes descobertas ficaram, a maior virada a norte e a outra a nascente, para assim garantir a frescura e o arejamento necessário. Só assim com a adega bem implantada, é que se conseguia colmatar a falta de tecnologia na época e se conseguiam fazer bons produtos no final de cada colheita, conservando os vinhos até mais tarde. As uvas aqui produzidas teriam forçosamente de ter qualidade para fazer os ditos vinhos, pois esta adega esteve sempre em atividade até à intervenção que sofreu para a reconversão em Agro-turismo.
A nossa estadia, os jardins e não só
Na Quinta da Agra ficámos dois dias o que proporcionou um estar no espaço a várias horas do dia. Nos 7 hectares a que acedemos livremente, encontrámos os novos residentes da quinta, uma ninhada de gatinhos muito pequeninos e a respetiva progenitora, que de vez em quando nos acompanhava fazendo as honras do espaço.
Para além dos jardins de buxo mais formais na frente da casa (aqui também o buxo estava a passar um mau bocado, é recorrente nos vários espaços que visitámos), passeamos no meio das hortas, das fontes que se encontram nos vários patamares da propriedade, dos pomares, das oliveiras, diospireiros, figueiras, macieiras, vinha e uma belissima mata de Azevinho, as árvores com 7 m de altura e ao lado os magníficos castanheiros com uma profusão de ouriços.
Segundo Pedro Malheiro também o castanheiro está a ser fustigado por uma praga, e na companhia do nosso anfitrião fomos provando aqui e ali estas iguarias, uma toranja doce, um figo com lágrima, uma uva moscatel, e ainda houve a oportunidade de apanhar castanhas para mais tarde cozinhar e recordar a “riqueza” desta quinta.
Mas é graças a Daniela que o jardim naturalista tem a riqueza e a profusão de plantas, aqui e ali aparece uma flor de courgete, flore de abóbora (cabaças como se diz aqui), um pimento no meio das uvas, em tudo o que toca a Daniela “Green fingers” os milagres acontecem.
“É um jardim produtivo, as plantas que aqui se encontram lado a lado formam um verdadeiro ecossistema. Coexistem as hortícolas com as flores ornamentais num equilíbrio perfeito.”
É um espaço para se estar perfeito para a observação de pássaros com a ajuda das charcas no limite da propriedade. A ideia é construir aí um abrigo. Para a fotografia, podemos estar horas que os motivos nunca acabam.
“Recebemos também grupos de ilustradores e pintores. Num desses eventos com alguns belíssimos quadros de flores até as abelhas estavam confundidas e voavam contra as pinturas”
Sobre o Turismo de Habitação – Quinta da Agra
Dispõe de 3 quartos duplos, 4 twin e 1 apartamento para duas pessoas. Inserido no meio Rural e sempre pensando no conceito “Turismo e Natureza”, conseguiu-se preservar e transformar com conforto e qualidade, o património edificado há alguns séculos, altura em que a exigência e a maneira de viver eram totalmente diferentes. Tem ainda uma área nova destinada à atividade física, saúde e bem estar, junto à piscina.
Neste empreendimento turístico, o bem estar integrado na Natureza, foi sempre considerado como primordial. Este espaço tem potencial para criar novas atividades, segundo nos disse Pedro Malheiro, a ideia de aulas de yoga, show-cooking, espaço de exercício físico a criação ainda duma piscina biológica. E como a água é um dos principais protagonistas deste espaço uma Casa de Fresco também é um projeto a considerar.
“O potencial desta Quinta é imenso mas nunca deixando perder o sentido da antiguidade da casa onde passaram muitas gerações e por sua vez, muitas histórias com muitas alegrias e tristezas incluindo as das atividades agrícolas aí desenvolvidas”.
Para mais informações contacte www.center.pt ou visite www.solaresdeportugal.pt