Textos: Vasco de Melo Gonçalves, Luísa Dias Mendes, Via Algarviana
Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves
A Via Algarviana é um projeto já com alguns anos e que sempre tive intenção de percorrer. Já cruzei o Algarve pelo mar e pelas estradas, faltava-me fazê-lo a pé. Nesta edição abordamos a primeira parte que ligou Alcoutim a Alte.
O percurso está bem assinalado mas em todos os setores levei um equipamento de GPS com os tracks, descarregados do site da ViaAlgarviana, por uma questão de conforto.
A Primavera e o Outono devem ser as melhores épocas para fazer os trajetos, não só pela beleza das paisagens, mas também pelas temperaturas amenas e a intensidade de luz.
A Proactivetur foi a empresa que nos programou a nossa deslocação à ViaAlgarviana.
Ficha do percurso
Ponto de partida: No cruzamento junto à EN 122, em Balurcos de Baixo, junto ao painel informativo da Via Algarviana (N37º25’31.65” W7º30’27.25”) | Grau de dificuldade: II – Fácil | Altitude mínima: 17 m | Altitude máxima: 216 m | Disponibilidade de água: Sim | Extensão: 14,30 km | Duração: 4 h (aprox.) | Subida acumulada: 431 m | Descida acumulada: 457 m | Mercearias locais: Sim | Alojamento: Balurcos de Baixo.
Por Onde Caminhámos
“O 2º setor da Via Algarviana começa em Balurcos, pequena povoação do concelho de Alcoutim. Do centro, o itinerário segue para sul, por caminhos rurais, muitos deles ladeados por muros, que delimitam as pequenas propriedades onde ainda se pratica alguma agricultura de subsistência.
A parte inicial do percurso é pouco acidentada, mas em breve começam a revelar-se os traços típicos da serra algarvia, com numerosos barrancos e linhas de água. Após a passagem junto ao IC-27, a paisagem começa a revelar-nos, aqui e ali, a presença da Ribeira da Foupana, o principal curso de água desta região e um dos mais bem preservados em todo o Algarve.
Ao passar por Palmeira, aprecie a arquitetura tradicional do mundo rural: repare nos típicos fornos de lenha, nas casas pintadas com cal e nas hortas ladeadas por valados. A paisagem alterna entre áreas florestais e densos estevais e, em breve, a Via Algarviana atinge a Foupana, junto ao antigo moinho de água “Moinho da Rocha do Corvo”. Teve grande importância no passado, mas hoje não é mais do que um conjunto de ruínas.
A travessia da Ribeira da Foupana é uma aventura saudável e uma boa oportunidade para descansar e merendar. No entanto, tenha atenção ao seu caudal antes de a atravessar para a outra margem: em altura de chuvas intensas pode tornar-se intransponível e perigosa.
Depois de a atravessar, vai ter a subida mais acentuada e longa deste setor. Aproveite a paisagem de bosques de azinho e o denso coberto arbustivo (vegetação que cobre o solo) até à Corte Velha, outro povoado serrano. Aqui, a agricultura e a pastorícia ainda têm forte presença, com reflexo na paisagem com vestígios da cultura de cereais e pastagens.
Vários moinhos de vento surgem no horizonte, hoje todos eles abandonados e em ruínas, e algumas eiras, construções circulares em locais expostos aos ventos, geralmente tratadas de forma cuidada, pela sua função nobre: local de separação do grão (cereal, tremoço, grão) da palha ou ramo.
Continuando o percurso, chegamos a um depósito de água no topo de uma colina. Pare e aprecie a vista privilegiada para Furnazinhas. Depois, descendo por uma rampa empedrada siga pela Rua do Fontanário até à EM 505, o principal acesso de Furnazinhas. Este belo povoado serrano está muito bem preservado e ainda guarda muito das tradições culturais do interior algarvio. Aproveite para uma visita que lhe ficará na memória, encerrando o segundo setor da Via Algarviana”. Texto: ViaAlgarviana
Pessoas e Alojamento
Casa do Vale das Hortas em Balurcos de Baixo
A Casa do Vale das Hortas conta com a simpatia da dona Fernanda e do senhor Faustino. E ainda a ótima receção da cadelinha Buba e do cavalo Fabuloso (mais conhecido como Pipoca).
Situa-se em plena serra do sotavento algarvio, no concelho de Alcoutim.
Dispõe de amplos espaços de lazer, no interior e no exterior da casa: terraços exteriores com vista para o campo e serra. A casa é constituída por 6 quartos, ar condicionado e casa de banho privativa. Três dos quartos, no primeiro andar, independentes da casa, têm terraço privativo e sala comum.
No exterior da casa poderá desfrutar da açoteia onde poderá descansar ou mergulhar. Verdadeiro oásis parar os caminhantes da Via Algarviana se começam do lado de Alcoutim aqui podem permanecer depois da primeira etapa.
A Casa do Vale das Hortas foi, em tempos, um dos maiores centros de tecelagem do concelho de Alcoutim. Em meados de 1977, este centro de tecelagem estava munido de quatro teares, tipo Jacquard, manuseados somente por homens e que vieram substituir os anteriores teares manuais, utilizados essencialmente por mulheres. Com a evolução dos tempos, esta atividade foi abandonada tendo a casa estado desocupada, até ao início da década de 1990. Nessa altura, foi iniciada a recuperação da casa para habitação própria. Tais obras de recuperação não foram concluídas. Em meados de 2007, a recuperação da casa foi reiniciada, já com a Dª Fernanda e o Senhor Faustino que decidiram mudar a sua vida do Montijo para o Algarve, e o objetivo transformar a casa de campo para turismo rural. Estas obras viriam a ser concluídas em Abril de 2008.
Em proximidade, apenas 1000 m de distância pode usufruir do restaurante bar a Taberna do Ramos na N 122/ junto ao posto de combustível das Quatro Estradas. A comida é tipicamente portuguesa e onde não faltam os produtos algarvios e os vinhos de qualidade.
Principal necessidade sentida pelos proprietários, a ajuda para alguns trabalhos que são necessários no dia a dia da casa. Existe um gosto grande pelo que fazem mas a idade de ambos os membros do casal começa a pesar. Este ponto de apoio na rede da via Algarviana é muito importante e é imprescindível existir mais oferta.