A Beira Baixa, situada no centro de Portugal, é uma região rica em paisagem natural, património histórico e cultural, com uma forte tradição agrícola e pecuária, e uma identidade cultural única. É um destino atraente para quem procura explorar a história e a cultura portuguesa, bem como para quem deseja desfrutar da natureza e da tranquilidade do campo.
Durante seis dias fomos descobrir parte deste património percorrendo Vila Velha de Ródão, Castelo Branco, Penamacor, Idanha-a-Nova, Oleiros e Proença-a-Nova.
Texto e Fotografia: Passear e Viver Com Gosto
CASTELO BRANCO
Jardim do Paço Episcopal
Os nossos guias Sérgio Ribeiro e João Maltez foram os anfitriões na visita ao Jardim do Paço Episcopal (ou de S. João Baptista) que foi mandado construir pelo bispo da Guarda, D. João de Mendonça, cerca de 1720, depois da sua chegada de Roma, onde vivera três anos.
A água, como elemento central, presente nas fontes e jogos de água, as 94 estátuas de granito são as de origem e foram feitas por artesãos locais.
Descrição
Espaço verde de recreio. Jardim de estilo barroco constituído por três zonas com tratamento distinto, a área de produção, o bosque e o jardim formal, de inspiração italiana, articulado em várias plataformas, que marcam uma diferenciação espacial, com o jardim de buxo, lagos, pontuações escultóricas, cascatas e escadarias monumentais, espelhos de água de planta retangular ou curvilínea, existindo um complexo programa iconográfico. Complexidade dos jardins, em termos estruturais, de articulação e iconológicos, existindo várias leituras possíveis da articulação entre a temática religiosa, patriótica e alegórica, da estatuária dos jardins, bem como da existência, no topo, de uma cascata geradora de todo o sistema hidráulico, dedicada a Moisés, aquele que fez brotar a água da rocha. Os jardins podem assumir uma leitura religiosa, ligada à própria dedicação dos mesmos, a São João Baptista a meditar no Deserto, revelando que se destinariam à meditação, ou uma leitura cósmica, com a presença dos signos do Zodíaco, as partes do Mundo, as Estações, a ligação entre o Velho e o Novo Testamento; qualquer delas revela o carácter erudito do mentor da obra, o bispo D. João de Mendonça, bem como a influência que este recebeu durante a sua estada em Roma. A Escadaria dos Reis possui a particularidade das estátuas dos monarcas filipinos serem de menor dimensão. As figuras dos reis copiam gravuras da Epítome de Las Histórais Portuguesas (1677), Elogios dos Reis de Portugal (1603) e a Europa Portuguesa (1678), todas existentes na livraria do mentor do jardim, o Bispo D. João de Mendonça. Junto ao terraço central, surge um amplo jardim alagado, de filiação clássica romana. As esculturas são bastante hieráticas, sem grande movimento. Fonte: D.G.P.C.
Enquadramento histórico
Na cultura Ocidental, o conceito bíblico do Éden serviu de matriz, ao longo dos tempos, a inúmeras propostas de jardins. Dai que o jardim seja considerado uma evocação, ainda que imperfeita, do Paraíso na terra.
O Jardim de S. João Baptista – de estilo Barroco – fazia parte de uma vasta e complexa unidade agrária, paisagística e estética que costumava designar-se por “logradouros do Paço Episcopal de Castelo Branco”.
No séc. XVIII, esta unidade era composta por dois olivais, uma vinha, a coelheira (para fins exclusivamente alimentares/gastronómicos), o bosque, as hortas ajardinadas e o jardim propriamente dito – sendo que todo este complexo circundava – e protegia – a residência do bispo.
O Paço serviu de residência permanente a vários bispos da Guarda e, a partir de 1771 até 1831, aos da recém criada Diocese de Castelo Branco. A partir de 1834 foram instalados vários serviços públicos no Paço e os logradouros conheceram então um abandono sem precedentes. Em 1911, como consequência da Lei da Separação do Estado da Igreja, o Jardim do Paço passa para a tutela da Câmara Municipal, por arrendamento.
No ano seguinte, para comemorar o segundo aniversário da Implantação da República, abre as suas portas ao público no dia 5 de Outubro. Finalmente, em 1919 é comprado e passa a jardim municipal. Fonte: C.M.C.B.
Centro de Interpretação do Jardim do Paço
Desde 2013, o Centro de Interpretação do Jardim do Paço é também a entrada para este espaço.
No Centro, para além de adquirir o bilhete que lhe permite o ingresso no Jardim do Paço, o visitante pode conhecer a história do espaço patrimonial mais emblemático da cidade, observar peças originais que já fizeram parte do Jardim – encontradas durante as diversas investigações e obras de beneficiação que têm sido realizadas – ou adquirir alguma das diferentes obras publicadas sobre o Jardim.
Contactos
Rua Bartolomeu da Costa 6000 – 773 Castelo Branco
Meses de abril a setembro: 09h00-19h00; Meses de outubro a março 09h00-17h00
Geral: 3€; Seniores (+ 65): 1,50€; Grupo (+12): 1,5€; Entrada Gratuita – manhãs (desde a abertura até às 13h00) do 1º domingo de cada mês.
Parque do Barrocal
A nossa guia foi a Sofia Salavessa e, mais tarde, juntou-se João Maltez da autarquia de Castelo Branco.
O que primeiro vemos quando entramos, a estrutura de passadiços designada por Chave do Barrocal colocada nas antigas Pedreiras, houve um cuidado grande na sua implantação para que tivesse o menor impacto possível nas pedras.
Antes de ter a sua requalificação em 2020, este espaço teve várias fases de utilização: zona de extração de pedra para a construção; zona de pastoreio; parque natural dentro de uma zona urbana transformando-se num espaço lúdico para os moradores em proximidade…
A vantagem de ter preservada uma mancha significativa de Carvalho-negral (Quercus pyrenaica) que ocupa 30% da sua área, confere-lhe um cariz muito especial.
Excelente também para a observação de aves desde Grifos, Gaios, Abelherucos Coruja das Torres e a fauna é rica em Coelhos, Javalis, Raposas e até Furões.
Enquadramento
O Parque do Barrocal é uma área de natureza silvestre com aproximadamente 40 hectares e está integrado nos territórios classificados do Geoparque Naturtejo Mundial da UNESCO e da Reserva da Biosfera Transfronteiriça Tejo|Tajo Internacional.
O parque corresponde a uma paisagem geológica fascinante com uma inesperada biodiversidade que acompanha as estações do ano, a dois passos do centro urbano.
O Parque do Barrocal apresenta 7 mirantes, diversas formações geológicas de interesse, passadiços e trilhos naturais, parque infantil, observatório de aves, entre tantas outras atrações naturais.
Com uma paisagem granítica característica, feita de rochas geradas nas profundezas da Terra, mas moldadas e expostas por centenas de milhões de anos de movimentos tectónicos e períodos climáticos, o Barrocal é um oásis refrescante de História Natural.
A sua origem está associada à instalação de uma gigantesca massa magmática localizada a uma profundidade estimada de 30 km e com uma temperatura de cristalização iniciada aos 750˚C, datada de há cerca de 310 milhões de anos.
Aconselhamento ao visitante: Utilização de áudio guia em Português, Francês ou Inglês.
Horário de Funcionamento:
Horário Inverno (1 de outubro a 31 de março): Das 10:00 às 17:00, última entrada para visitas completas às 15h30.
Horário Verão (1 de abril a 30 de setembro): Das 9:00 às 20:00, última entrada para visitas completas às 18:30.
Encerra às segundas feiras.
Contactos
Rua Adelino Semedo Barata, 6000-040 Castelo Branco
+351 272 330 356
barrocal.parque@cm-castelobranco.pt
Entrada gratuita
Bordado de Castelo Branco
No Centro de Interpretação do Bordado de Castelo, que visa contribuir para a revalorização, recuperação, inovação e relançamento do Bordado de Castelo Branco, tivemos como guia uma técnica do próprio centro que nos proporcionou uma visitação aos diferentes núcleos expositivos. Da origem da seda à ligação com a moda e estilistas terminando com uma conversa com as bordadeiras que trabalham, no local, em projetos e encomendas. Ficamos a conhecer o processo de sementeira do linho à tecelagem, passando pela criação do bicho da seda e extração da matéria prima, evolução do Bordado e da técnica (pontos), bem como o enquadramento histórico e a simbologia.
É também interessante de observar o diálogo permanente entre o passado e o presente desta arte ímpar através de novas linguagens desenvolvidas por estilistas e escolas.
O Bordado de Castelo Branco encontra-se, atualmente, na fase final do processo de Certificação.
A criação do Centro de Interpretação resultou da recuperação de um edifício iconográfico de Castelo Branco, Domus Municipalis, antiga Casa da Vila, antiga Cadeia e, mais recentemente, Biblioteca Municipal, situado na Praça de Camões, ou Praça Velha, que delimita a Zona Histórica, de traça medieval, e a cidade nova.
Enquadramento
O Bordado de Castelo Branco tem características que o tornam único e distinto entre os bordados portugueses: os motivos têm uma estética que corresponde a uma gramática visual própria. A intensidade das cores e a luz é conferida pelos fios de seda, bordados sobre a base de linho artesanal cru. Os desenhos/motivos tem uma simbologia própria que o observador é convidado a descobrir: a Árvore da Vida, os pássaros, os cravos, as rosas, os lírios, as romãs ou os corações – todos com um perfil claramente exótico. Estas características do Bordado de Castelo Branco foram transpostos para o urbanismo, sendo observáveis quer nas calçadas, como nos edifícios, tornando-se assim num dos símbolos da cidade.
As Colchas de Castelo Branco são peças únicas que valem por si, pela originalidade da sua expressão artística. Ainda hoje se produzem estas belíssimas peças e o trabalho envolvido é moroso e complexo. Fonte: C.M.C.B.
Contactos
Praça Camões 6000-116 Castelo Branco
272 323 402 / oficinaescola.bordado.cb@gmail.com
Terça a Domingo 10h00-13h00 e das 14h00-18h00
Percursos Pedestres da região
https://www.cm-castelobranco.pt/visitante/lazer-para-todos/percursos-pedestres/
Gastronomia
Veado na Panela
No Retiro do Caçador, em Castelo Branco, saboreámos um belíssimo Veado na Panela que na ementa diz que é para uma pessoa mas dá perfeitamente para duas!
Restaurante rústico mas de qualidade e com um bom serviço. Os pratos de caça e as receitas tradicionais da região são as referências deste restaurante. Escolhemos veado é uma das especialidades da casa e foi uma escolha acertada. O preço médio, por pessoa, é de 15 Euros.
Rua Ruivo Godinho, 15 6000-275 Castelo Branco
Tel.: (+351)272343050