A Beira Baixa, situada no centro de Portugal, é uma região rica em paisagem natural, património histórico e cultural, com uma forte tradição agrícola e pecuária, e uma identidade cultural única. É um destino atraente para quem procura explorar a história e a cultura portuguesa, bem como para quem deseja desfrutar da natureza e da tranquilidade do campo.
Durante seis dias fomos descobrir parte deste património percorrendo Vila Velha de Ródão, Castelo Branco, Penamacor, Idanha-a-Nova, Oleiros e Proença-a-Nova.
Texto e Fotografia: Passear e Viver Com Gosto
ALDEIA HISTÓRICA DE MONSANTO
Ícone turístico de Portugal e do concelho de Idanha-a-Nova, Monsanto é uma das aldeias históricas de Portugal, com uma história que remonta à época romana. A arquitetura das casas e ruas é preservada há séculos, criando um ambiente único e autêntico. Exibe, desde 1938, o título de “Aldeia Mais Portuguesa de Portugal”.
Monsanto está localizada em uma colina rochosa, rodeada por uma paisagem natural deslumbrante. Os visitantes podem desfrutar de vistas panorâmicas do topo da colina e caminhar pelos trilhos naturais ao redor da aldeia.
A nossa guia, a antropóloga Carla Ribeiro, mostrou-nos a rica história da Aldeia de Monsanto. Ruas estreitas dominadas pelos grandes blocos de granito onde as casas se adaptam à natureza contrastam com casas senhorias. Caminhar no burgo é uma atividade curiosa e sensorial pois, em cada esquina, somos surpreendidos com uma arquitetura diferente adaptada à geologia, a luz solar cria formas e dá realces nas ruas estreitas, os inúmeros miradouros com paisagens de cortar a respiração sucedem-se. Ao nível do edificado a Torre de Lucano, a Igreja da Misericórdia, a Igreja Matriz de São Salvador e a capela do Espírito Santo são as principais referências.
A Aldeia de Monsanto é interessante porque ainda possui alguns habitantes que lhe conferem uma dinâmica diferente.
Durante o nosso deambular e olhando para cima, o castelo e os afloramentos rochosos são uma presença constante lembrando-nos o seu passado estratégico na defesa desta região.
Na aproximação ao castelo temos, no perímetro do povoado, as furdas e nas suas amplas redondezas, diversos pontos de interesse com os Penedos Juntos, a Laje das Treze Tijelas, as ruínas da Igreja de São Miguel, Torre do Peão e as ruínas da Capela de São João.
Enquadramento de alguns dos pontos de interesse histórico que os visitantes podem explorar.
Castelo e muralhas de Monsanto: Castelo construído no séc. 12, pela Ordem do Templo, e cerca urbana construída no séc. 13, por ordem da Coroa, num local de grande importância estratégica para a defesa da fronteira leste do país, sobre estruturas anteriores, tendo sido remodelado no séc. 15 e 16, e depois, no séc. 19, com alteração da estrutura, articulando-se com outros castelos da Beira. A fortificação tem planta irregular, desenvolvendo-se no topo do cabeço, adaptada à morfologia do terreno de afloramentos graníticos ciclópicos, o que resulta num grande ondulamento dos muros, reservando para o castelo a zona mais alta e inacessível, de planta alongada e com acesso apenas a partir da vila muralhada.
Laje das Treze Tigelas ou Tigelinhas da Fidalga: No dorso aplanado deste estranho afloramento podem ver-se diversas cavidades circulares pouco profundas, na realidade em número de 14, pois acresce mais uma isolada no topo do penedo contíguo. Estas covas são frequentemente consideradas de origem antrópica. Alguns autores associam-nas, mesmo, a um ancestral santuário.
Capela de São Miguel: A capela, construída no século XII, é uma das mais antigas de Monsanto. É um excelente exemplo de arquitetura românica em Portugal. Está em ruínas e, junto a ela, podemos observar um conjunto de sepulturas esculpidas na rocha.
Capela de São João: na aba nascente do castelo encontram-se as ruínas da capela de S. João. Desta pouco ou nada se sabe. Restos de azulejaria do século XVI que se encontram nos seus escombros indicam que existiria nessa época e que em meados do século XVIII, por estar incluída num rol dos edifícios religiosos de Monsanto, supõe-se que estaria ainda aberta ao culto. Os restos das paredes mostram um pequeno templo constituído por nave e capela-mor e uma só porta axial, o arco triunfal é reconstrução recente pouco rigorosa e desproporcionada.
Igreja Matriz de São Salvador: Construção religiosa com fachada do séc. XVIII, guarda na capela-mor o túmulo do seu fundador, com uma inscrição onde se lê a data de 1630. Apresenta planta retangular, sendo dignos de destaque os altares renascentistas e a imaginária. Junto à igreja fica a Torre de Lucano ou do Relógio.
Encontra-se no interior do perímetro classificado da Aldeia Velha de Monsanto.
Torre de Lucano: Imponente torre sineira, de planta quadrangular, com quatro ventanas e pináculos nos ângulos. É encimada com uma réplica do Galo de Prata, em ferro forjado, troféu do concurso criado pelo Secretariado de Propaganda Nacional, e que deu a Monsanto o título de Aldeia mais portuguesa de Portugal, atribuído em 1938.
Localiza-se no interior do perímetro classificado da Aldeia Velha de Monsanto.