Caminhada: Descobrindo o Couto de Tibães

0

Este longo percurso de 22 km tem, a meu ver, dois polos muito interessantes. A parte do percurso junto ao rio Cávado e o Mosteiro de São Martinho de Tibães (classificado como Imóvel de Interesse Público em 1944) e a sua cerca. A extensão do percurso não permite toda a atenção que merece o Mosteiro de Tibães!

Fotografia: Viver com Gosto

A autarquia de Braga tem, ao longo dos últimos anos, desenvolvido uma rede de Percursos Pedestres para dar a conhecer o seu património natural, cultural e edificado. Os 25 os atuais percursos, sinalizados e não sinalizados, foram divididos em quatro grandes grupos – A Cidade e a Natureza, Montes e Vales, Rios Caminhos com História – e podem ser efetuados através da aplicação (Braga Explorer) que a autarquia desenvolveu para os sistemas Android e IOS. Esta aplicação para além do mapa também fornece informação sobre os principais pontos de interesse de cada percurso.
No site da câmara de Braga existe ainda um documento – Rede de Percursos Pedestres de Braga – em formato PDF que pode ser descarregado onde estão descritos todos os percursos e respetivas fichas técnicas com ligação ao track de GPS.
Neste nosso trabalho recorremos ao track de GPS pois, a versão da app para Android estava numa fase de atualização.

Rio Cávado
Ponte de Prado
Praia fluvial de Merelim

Descrição
As necessidades de administração do território levaram a que, em 1110, fosse concedida por D. Henrique uma Carta de Couto ao Mosteiro de Tibães. Os coutos eram privilégios senhoriais que podem ser entendidos como equivalentes a concelhos. O Couto de Tibães estendia-se numa vasta área em torno do Mosteiro de Tibães até ao rio Cávado, por terras de excecional fertilidade, que permitiram que o Mosteiro de Tibães se tornasse num dos mais ricos e poderosos da região.
Este percurso propõe-se a percorrer uma parte significativa do antigo couto, onde o verde dos campos contrasta com a água do rio Cávado (e do singelo rio Torto). São vários os pontos de interesse que ao longo de 22km dão nota de uma íntima ligação do Mosteiro com a envolvente marcada por uma invulgar riqueza patrimonial. Destacam-se, além do Mosteiro de Tibães: o jardim de verão dos monges, a Cerca do Mosteiro, diversos moinhos e pesqueiros do leito do rio Cávado, várias igrejas e capelas e marcos delimitadores do couto e das freguesias que o compunham, bem como o único marco miliário que pode ser visto em espaço público no concelho de Braga. Com um traçado que se desenrola em parte junto ao leito do rio, o percurso percorre diversos trilhos e arruamentos rurais, sendo o monte de São Filipe o único desnível significativo ao longo do percurso. Fonte: C.M.Braga

Claustro do cemitério

Mosteiro de São Martinho de Tibães
O edifício
Arquitetura religiosa, maneirista, barroca e rococó. Mosteiro beneditino masculino composto por igreja com endonártex, e dependências monacais adossadas, com dois claustros e quatro pátios, evoluindo perpendicularmente à igreja, e cerca. Igreja de planta longitudinal composta por nave única com coro-alto iluminado por amplos janelões, capela-mor mais estreita e baixa, capelas colaterais intercomunicantes, torres sineiras levemente recuadas relativamente à fachada principal e sacristia adossada ao alçado lateral direito. Fachada principal com estrutura maneirista, baseada nos tratados de Vignola, com corpo central ladeado por aletas e remate em frontão triangular, existindo um jogo entre linhas retilíneas e curvas, com semelhanças nítidas com o Mosteiro beneditino de Santo Tirso. Fachadas laterais rasgadas por janelas em capialço, que iluminam intensamente o interior. Interior muito decorado com retábulos, molduras e sanefas de talha dourada do barroco nacional, joanino e rococó, com cobertura em abóbada de canhão em caixotões. Existência de órgão no lado do Evangelho, junto ao coro-alto, também semelhante ao do Mosteiro de Santo Tirso e dois púlpitos confrontantes. Dependências monacais evoluem em redor de dois claustros e pátios de plantas quadradas e retangulares, de dois pisos, sendo o Claustro do Cemitério marcado por arcadas e o segundo piso fechado, possuindo salas de grande interesse, com coberturas de madeira formando painéis geométricos e revestimento azulejar de padrão ou historiado, do período rococó. Possui inúmeras afinidades no campo decorativo com o Mosteiro de Rendufe, São Miguel de Refojos de Basto e Santa Marinha da Costa, revelando a mobilidade dos artistas e mestres de obras, nomeadamente Frei José de Santo António Vilaça, que imprimiu uma grande unidade decorativa entre todos eles, obedecendo a esquemas iconográficos e estruturais rígidos, impostos pelos estatutos reformados da Ordem. Mosteiro beneditino que mantém a cerca e algumas dependências em relativo bom estado, bem como parte da decoração original, dos períodos barroco e rococó, com predominância do último, não contrastando, contudo, com os vestígios remanescentes da talha e escultura do estilo nacional. Existência de claustros e pátios, à volta dos quais se organizava a vida comunitária, sendo, dos conventos beneditinos existentes no N. do país, o que possui mais quadras internas, definidoras de espaço, o que se prenderá com o facto de ser casa-mãe da Ordem, em Portugal. O adro da igreja é constituído por alta plataforma com acesso por escadaria lateral, que acede igualmente à portaria do Convento.

Principais acontecimentos que marcaram a história do Mosteiro de São Martinho de Tibães:
1071 e 1077 > Primeiras referências documentais;
1110 > Doação da Carta de Couto pelo Conde D. Henrique e D.ª Teresa;
1517 > Atribuição da Carta de Foral ao Couto do Mosteiro de Tibães pelo rei D. Manuel I;
1565 > Morre D. Bernardo da Cruz, o último Abade Comendatário, acontecimento que vai motivar o início da reforma beneditina;
1567 > Criação da Congregação Beneditina dos Reinos de Portugal, ficando o Mosteiro de São Martinho de Tibães como Casa-Mãe;
1569 > Realização do Primeiro Capítulo Geral da Congregação, sendo eleito como Abade Geral Frei Pedro de Chaves;
1628 – 1750 > Definição arquitetónica da estrutura atual;
1834 > Extinção das ordens religiosas e encerramento do mosteiro à luz dos decretos de 5 e 9 de agosto de 1833, de José da Silva Carvalho;
A igreja, a sacristia, o claustro do cemitério, a hospedaria, o coristado e o passal, continuando propriedade do Estado Português, ficam em uso paroquial. As restantes áreas do edifício e a cerca conventual são fechadas e vendidas mais tarde a famílias privadas, conhecendo as mais diversas utilizações;
1838 > Aquisição da cerca por de José da Silva Reis, pelo valor de 7.860$000;
1864 > Venda do edifício a António de Moura Monteiro pela quantia de 3.605$000;
1894 > Grande incêndio que destruiu o claustro do refeitório, o refeitório, a casa dos fogões, o noviciado, o coristado, o hospício, as oficinas, a casa das pinturas e os dormitórios (nascente e sul);
1910 > Classificação do cruzeiro como Monumento Nacional;
1944 > A igreja, o mosteiro e demais construções arquitetónicas da cerca foram classificados como Imóveis de Interesse Público;
1949 > Criação da Área Especial de Proteção;
1986 > O Estado Português adquire a privados o mosteiro e a cerca pelo valor de 110 000 contos;
1990 > Criação do Museu do Mosteiro de São Martinho de Tibães, serviço dependente do Instituto Português do Património Cultural;
1994 > Alargamento da Zona Especial de Proteção e restauro da capelinha de S. Bento;
1995 > Construção da nova Residência Paroquial;
1998 – 2002 > Restauro, recuperação e reabilitação da ala norte, igreja, sacristia, claustro do cemitério e coristado;
2006 – 2009 > Obras de reabilitação do antigo coristado, noviciado, ala sul, claustro do refeitório e casa do volfrâmio, para a criação de estruturas de apoio e serviços, ampliação do percurso museológico e instalação de uma comunidade religiosa, um restaurante e uma hospedaria;
2011 > Obras de recuperação do terreiro em frente ao mosteiro.

A sala do capítulo
Parte da vinha

Pontos de interesse
Mosteiro e Cruzeiro de Tibães
Ecovia do Cávado
Praia Fluvial de Merelim São Paio
Ponte de Prado
Veiga de Ruães

Dados técnicos
Tipo de percurso: Circular
Distância: 22,1km
Tempo: 7h00m
Dificuldade 4/5: Difícil
Desnível positivo: 450m
Sinalizado: Não
Track de GPS: https://www.wikiloc.com/hiking-trails/descobrindo-o-couto-de-tibaes-15396177
Site do Mosteiro de Tibães: https://www.mosteirodetibaes.gov.pt/

Partilhe

Acerca do Autor

Os Comentários Estão Fechados.