Restauro das turfeiras dos Açores é caso de estudo em projeto europeu

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Na semana do Dia Mundial dos Rios (22 de setembro), a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) apresenta o projeto SpongeBoost, que toma como exemplo as turfeiras dos Açores. O projeto, financiado pelo programa Horizon Europe, pretende identificar formas eficazes de melhorar ou restaurar a capacidade natural de retenção de água das paisagens, que será fundamental para fazer face às alterações climáticas, cujos efeitos já se fazem sentir por todo o mundo e concretamente em Portugal.

A capacidade de retenção de água das turfeiras, enquanto reservatórios estratégicos de água, será cada vez mais relevante nos Açores, num contexto em que começamos a observar períodos de stress hídrico e seca no arquipélago e tendo em conta que a hidrografia de todas as ilhas não permite grande retenção de água, estando dependentes da pluviosidade”, diz Rui Botelho, coordenador da SPEA Açores e do projecto SpongeBoost nos Açores.

O Sphagnum, principal musgo que forma as turfeiras açorianas, é capaz de reter 20 vezes o seu peso em água, tornando estes habitats essenciais para a retenção de água doce em terra. Assim, as turfeiras atuam como esponjas naturais. No inverno, quando caem as chuvas torrenciais, as turfeiras captam e armazenam milhares de litros de água, evitando que ela corra monte abaixo de enxurrada e cause derrocadas e inundações. Ao invés, essa água vai-se infiltrando no solo devagarinho, chegando aos lençóis de água e permitindo que as ribeiras tenham sempre água no verão.

Para proteger este recurso crucial, a SPEA Açores tem trabalhado, nos últimos 12 anos, para restaurar as turfeiras e áreas circundantes, bem como as linhas de água que alimentam. Em São Miguel, a SPEA restaurou 75 hectares de turfeiras no Planalto dos Graminhais, e diversas linhas de água da Serra da Tronqueira — áreas que são agora caso de estudo no projeto SpongeBoost, para explorar a capacidade desta paisagem em reter água, através da criação de esponjas naturais, e o seu potencial para minimizar o impacto das cheias a jusante. O projeto irá ainda recuperar a cabeceira da Ribeira dos Caldeirões, para ajudar a manter a resiliência desta zona conhecida pelas suas quedas de água.

Os trabalhos a realizar nos Açores, no âmbito do projeto SpongeBoost, terão a colaboração da E.RIO, – empresa especializada na execução de planos, projetos e intervenções de reabilitação fluvial – que tem vindo a contribuir, a nível nacional, para a concretização dos objetivos da Lei da Água, EN3r e demais orientações legais e políticas nesta matéria, colaborando com mais de 100 municípios de Portugal Continental e Açores na reabilitação e valorização, a curto e médio-prazo, de mais de 1000 km de cursos de água, com aplicação de diferentes Soluções baseadas na Natureza e processos de participação pública, tendo já promovido a plantação de cerca de 1 milhão de árvores e arbustos autóctones e realizado sessões de formação técnica e sensibilização ambiental para mais de 15 mil participantes.

A reabilitação de turfeiras, rios e ribeiras é um investimento no futuro. É vital para promover a segurança e saúde das pessoas, travar a perda de biodiversidade e assegurar a adaptação às alterações climáticas. Ao tornar os rios mais saudáveis e resilientes, estamos a investir no bem-estar das pessoas e na qualidade de vida de todos”, afirma Pedro Teiga, CEO da E.RIO.

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