A serra de Sintra possui encantos que se revelam em todas as estações do ano. Contudo, a beleza dos bosques tem o seu apogeu no Outono e no Inverno.
Texto: Luisa Mendes e Inventura / Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves
A convite da Inventura e num percurso circular com 10,6 km fomos redescobrir uma serra de Sintra de cenários únicos e de uma beleza inconfundível.
O microclima que aqui existe permite o crescimento de uma exuberante e variada flora, das árvores quercíneas de folha caduca, ás de folha persistente. O coberto vegetal, quer espontâneo, quer introduzido, é de notável riqueza e inclui espécies que vão desde os mais pequenos musgos (briófitas), até às árvores enormes como a sequoia. A natureza ácida dos solos também contribui para esta exuberância dada, nomeadamente, pelo Carvalho Roble (quercus robur) e pelo Carvalho Negral (quercus pyrenaica).
É um espaço de grande biodiversidade e que temos a obrigação de preservar.
O Outono tem ainda outro atrativo, os protagonistas debaixo dos nossos pés os fungos, a que costumamos chamar de cogumelos, na realidade são os frutos destes fungos. Constituídos 80% por água estes curiosos organismos subterrâneos podem atingir vários kms de extensão. Por exemplo na floresta de Oregon na América do Norte existe um dos maiores organismos vivos o Armillaria em que a sua parte subterrânea ocupa 900 hectares de floresta e terá mais de 2400 anos.
Num dia Outonal de luz de Inverno muito bela fomos convidados a passear em silêncio, para melhor usufruirmos dos sons dos pássaros e da água das ribeiras, desfrutar dos aromas das flores do eucalipto e sentir o riquíssimo coberto vegetal debaixo dos nosso pés. As cores de outono dadas pelas folhas dos plátanos, as dezenas de castanhas ainda nos ouriços que se dissolviam suavemente enriquecendo o nosso chão. Constatámos também uma grande proliferação de Arbutus unedo (medronheiros).
Infelizmente e ao longo dos anos ficamos com as condições propicias à proliferação de espécies invasoras nomeadamente as acácias , os pitósporos e as háquias que se vêm um pouco por todo o lado.
As pequenas manchas dos antigos bosques de árvores de folha caduca , que ainda existem em Sintra, encerram uma grande biodiversidade e são no fundo retratos vivos da história desta região.
Um grande senão neste passeio foi constatar que em zonas habitacionais ainda existe pouca educação dos moradores, o lixo e entulho que se amontoa junto às casas sem um mínimo de sensibilidade e respeito pelo espaço onde habitam.