AHRESP celebra Dia da Gastronomia em Mafra

0
  • Evento que assinala a elevação da gastronomia portuguesa a Bem Imaterial do Património Cultural
    de Portugal realizou-se este ano em Mafra e volta em 2024 na Sertã.
  • O pão foi o alimento em destaque nesta iniciativa que contou com a participação de cerca
    de 200 pessoas ao longo de um dia de debates, uma masterclass, mostras e provas de produtos
    de várias regiões portuguesas.

A AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal realizou na passada quarta-feira, no Torreão Sul do Real Edifício de Mafra, o Dia da Gastronomia – Património Cultural, iniciativa que celebrou os 23 anos da elevação da gastronomia portuguesa a Bem Imaterial do Património Cultural de Portugal e que teve o pão como alimento em destaque.

O evento, que contou com o apoio da Câmara Municipal de Mafra na organização, reuniu cerca de 200 pessoas ao longo de um dia de debates, entre representantes de entidades oficiais, investigadores, nutricionistas, empresários e técnicos especialistas da área da panificação.

Os participantes também tiveram oportunidade de aprender sobre a arte de fazer pão numa masterclass da autoria do técnico de panificação José Manuel Jesus. A celebração terminou com uma mostra e prova de pães e outros produtos regionais, com a colaboração das entidades regionais de turismo do Centro, do Alentejo e de Lisboa.

Na sessão de abertura, o presidente da AHRESP anunciou a Sertã como local escolhido para a realização do Dia da Gastronomia – Património Cultural em 2024. Carlos Moura salientou o pioneirismo de Portugal na elevação da sua gastronomia a bem imaterial do património cultural, frisando que é preciso continuar a fazer mais pela riqueza e qualidade dos nossos produtos e receitas. “A partir deste ano, todos os dias 26 de julho, faremos a nossa homenagem à gastronomia portuguesa, com uma expressão geográfica que hoje começa aqui e que irá percorrer o litoral e o interior. Em 2024, já está decidido que será na Sertã, só falta decidir o produto ou a matéria-prima que estará em destaque”, afirmou o presidente da AHRESP.

Como localidade que tem uma das mais emblemáticas variedades de pão do país, Mafra foi o cenário pertinente para esta celebração. Carlos Moura expressou “particular gratidão ao acolhimento e apoio ao evento da AHRESP ao município de Mafra”, na pessoa do presidente da Câmara Municipal, Hélder Sousa Silva e toda a sua equipa.

Por seu lado, o autarca Hélder Sousa Silva, lembrou que “a gastronomia é um vetor importante de desenvolvimento de todo o país“, dando o seu concelho como exemplo: “Mafra está muito ligada à agricultura e o pão de Mafra alimenta Portugal de lés-a-lés, incluindo as ilhas.” O presidente do município elogiou ainda a AHRESP pelo seu trabalho na restauração e na hotelaria “que tem sido de extrema importância para qualificar a oferta a nível nacional“.

Na qualidade de vice-presidente da AHRESP e coordenador deste Dia da Gastronomia – Património Cultural, o chef Vítor Sobral alertou para a importância da mobilização do poder local na preservação e promoção da riqueza gastronómica. “Os municípios têm um papel muito importante na preservação daquilo que temos como história e aquilo que é importante para a nossa gastronomia e para a nossa economia”, afirmou Vítor Sobral.

Para debater vários temas com foco no pão, enquanto um dos produtos principais da gastronomia portuguesa e mediterrânica, o evento teve três “Conversas com pão”, com a moderação da jornalista Sara Tainha.

O primeiro painel “Desde há mil anos” contou com os contributos de Paulo Horta, das Farinhas Paulinho Horta, José Manuel Jesus, técnico de panificação e Virgílio Gomes, investigador e professor de Gastronomia e Cultura e da História da Alimentação. O debate centrou-se na importância do pão na gastronomia portuguesa, na história da alimentação dos portugueses, mas também na atualidade, com foco nos constrangimentos provocados pela guerra na Ucrânia. Os processos de fabrico de farinhas e a autenticidade na produção do pão e até as consequências das alterações climáticas também estiveram em destaque.

No segundo debate do dia, intitulado “Da Biologia à nutrição”, participaram Maria João Afonso, coordenadora do Departamento de Nutrição na Associação Protetora dos Diabéticos em Portugal, Sofia Ferraz, assessora técnica da Associação Portuguesa de Nutrição, e Isabel Sousa, professora especialista em Ciências e Engenharia de Alimentos no Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa. A importância do pão na dieta, os mitos e verdades sobre o glúten, as diferenças entre os pães ancestrais e os de hoje e as alternativas ao pão foram algumas das temáticas em debate.

O último painel do dia, “Pão para que te quero”, contou com a presença de Ernesto Fernandes, padeiro, Júlio Vintém, chef do restaurante Tombalobos de Portalegre, Elisabete Ferreira, fundadora e presidente do Clube Richemont Portugal, e Jorge Marques, da padaria Seara de Pão de Mértola. Este debate focou a parte prática da profissão de padeiro, destacando necessidades e dificuldades, assim como formas de tornar a arte de fazer pão mais atrativa com o objetivo de se captarem e reterem talentos, sobretudo entre os mais jovens.

Partilhe

Acerca do Autor

Os Comentários Estão Fechados.