A Beira Baixa, situada no centro de Portugal, é uma região rica em paisagem natural, património histórico e cultural, com uma forte tradição agrícola e pecuária, e uma identidade cultural única. É um destino atraente para quem procura explorar a história e a cultura portuguesa, bem como para quem deseja desfrutar da natureza e da tranquilidade do campo.
Durante seis dias fomos descobrir parte deste património percorrendo Vila Velha de Ródão, Castelo Branco, Penamacor, Idanha-a-Nova, Oleiros e Proença-a-Nova.
Texto e Fotografia: Passear e Viver Com Gosto
Idanha-a-Nova
Idanha-a-Nova é uma cidade rica em história e cultura. Foi um importante centro comercial durante a época romana e possui uma série de monumentos históricos, como a Torre do Relógio, a Igreja Matriz e a Capela de São Dâmaso.
Um elemento identitário é o adufe. Trata-se de um instrumento musical tradicional da região de Idanha-a-Nova, que consiste num tamborim com uma pele esticada em ambos os lados e com uma forma peculiar. É tocado principalmente por mulheres, que acompanham as danças tradicionais locais.
O adufe tem uma longa história na região e é um símbolo da cultura popular local. É feito à mão por artesãos locais, utilizando técnicas tradicionais, e muitas vezes é decorado com padrões coloridos e motivos geométricos.
Além de ser um instrumento musical, o adufe também tem uma função social importante na região. Ele é usado em festas e celebrações, e é um símbolo da identidade cultural de Idanha-a-Nova.
A música e dança tradicional de Idanha-a-Nova, acompanhadas pelo adufe, são consideradas Património Cultural Imaterial pela UNESCO desde 2015. Isso reflete a importância do adufe e da cultura popular local para a região e para o mundo.
A nossa guia, a antropóloga Carla Ribeiro, fez-nos a visita guiada pela vila e o nosso ponto de encontro foi o Centro Cultural Raiano. Através de um percurso a pé fomos conhecer os locais mais relevantes de Idanha-a-Nova começando pelo edifício da Câmara Municipal descendo de seguida em direção à Escola Superior de Gestão a funcionar no Palacete das Palmeiras que pertenceu à família Manzarra. A nossa próxima paragem é a curiosa Capela de São Jerónimo, junto à Praça de Touros, que se encontra parcialmente subterrada. Bairro dos Louceiros, onde se encontram 3 grandes fornos comunitários de cozer louça, que apesar de já não cumprirem as suas funções, estão acessíveis e em bom estado de conservação. Estas estruturas são exemplo de uma atividade que teve grande importância no concelho e que hoje praticamente desapareceu.
Tomámos sentido mais para o interior da povoação rumo ao antigo Convento Franciscano de Santo António, à igreja de São Francisco de Assis e à Capela Nossa Senhora das Doures, na rua do Pendricão, tivemos a sorte de encontrar três senhoras a ensaiarem os seus dotes de canto e de tocadoras de adufe. Entre risos e dizeres que “…não sei cantar…” foi um regressar ao passado e às tradições de um povo!
O complexo convento, igreja e capela são propriedade privada e não está aberto ao público. O convento é do século XVI / XVII e a igreja é do século XVIII.
O nosso próximo destino é o que resta dos vestígios do Castelo provavelmente construído no início do séc. 13, pela Ordem do Templo, integrado na defesa da Beira Interior, reformado no séc. 15, perdendo depois importância estratégica, o que leva à sua ruína, subsistindo apenas a zona principal do recinto, de planta ovalada, com algumas fiadas dos paramentos aprumados da muralha, adaptadas à morfologia do terreno, hoje convertido em miradouro.
Junto ao castelo temos a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição que já surge representada no final do séc. XV e princípios do século seguinte no Livro das Fortalezas de Duarte d´Armas. De fundação medieval, foi renovada em meados do séc. XVI. Possui três naves, abóbada artesoada na capela-mor e fachada com portal classicizante. Esta construção religiosa tem em frente uma torre sineira que se sobrepõe a uma antiga torre da muralha do castelo.
Estamos a terminar a nossa visita mas ainda passámos pelo imponente Solar dos Marqueses da Graciosa rumo à curiosa Fonte das Laranjeiras já nos limites da vila.