Foi assinada esta segunda-feira, 11 de dezembro, no Cartório Notarial Eliane Sousa Vieira, em Albufeira, a escritura pública de criação da Associação Geoparque Algarvensis. Os Municípios de Loulé, Silves e Albufeira, e a Universidade do Algarve, formalizaram a entidade que passará a gerir a candidatura do Território Algarvensis a Geoparque Mundial da UNESCO.
Passados três anos (dezembro de 2018) da assinatura do protocolo de entendimento entre as três Autarquias, a Universidade do Algarve, e o CIMA – Centro de Investigação Marinha e Ambiental, para a implementação do projeto do aspirante Algarvensis a Geoparque Mundial UNESCO, e de um trabalho intenso nesse sentido, o qual foi partilhado pelas quatro instituições e parceiros diversos, chegou agora o momento de se constituir a respetiva unidade de gestão. Entre outras incumbências, esta associação terá a responsabilidade de submeter a respetiva candidatura durante o próximo ano.
O passo seguinte será a realização da primeira assembleia geral, com a tomada de posse dos respetivos órgãos sociais, aprovação do plano de atividades para o ano de 2024 e discussão das linhas mestras do Plano Estratégico para o Território Algarvensis para os próximos quatro anos.
Para o autarca de Loulé, Vítor Aleixo, este é “um dia feliz num caminho que tem ainda algumas etapas pela frente”. Garantiu ainda que “Dadas as características, a vontade política e a densidade do trabalho já realizado que irá constituir o conteúdo da candidatura a apresentar em Paris, na sede da UNESCO, não tenho dúvidas que será coroada de sucesso”.
Rosa Palma, presidente da Câmara Municipal de Silves, sublinhou que este é um projeto que não passa só pela área científica mas só é possível “com o envolvimento das pessoas”. “Temos contado com o excelente trabalho da Universidade do Algarve em todas as vertentes (Paleontologia, Geologia, Botânica…). Mas o projeto só se consegue se for mais identitário do local onde faz parte, e se as pessoas começarem por divulgar aquilo que é o seu território, desenvolvendo em si o sentimento de pertença”, afirmou a autarca.
O outro signatário foi José Carlos Rolo, edil de Albufeira, que realçou as mais-valias deste aspirante a Geoparque: “Irá diversificar a oferta turística, com uma aposta num turismo científico, como forma de quebrar um pouco a sazonalidade, já que não se trata de ‘sol e praia’ e, como tal, pode complementar um pouco aquilo que é a nossa atividade principal. Para além disso, irá desenvolver tudo aquilo que está envolvido nas nossas comunidades, como seja o artesanato, a gastronomia e atividades de outra índole que possam estar inseridas neste grandioso projeto”.
Por seu turno, o reitor da UALG, Paulo Águas, manifestou a alegria em fazer parte da constituição desta associação. “Os nossos professores e os nossos investigadores estão fortemente comprometidos com este projeto, um projeto transformador do território, claramente alinhado com os desafios da sustentabilidade, e é também para isso que estamos cá. A Universidade do Algarve foi criada e existe para cooperar com as entidades regionais e locais, no sentido de construirmos um melhor Algarve e um melhor futuro para as nossas gentes”, frisou este académico.
Recorde-se que o conceito de Geoparque Mundial UNESCO assenta numa área territorial com limites bem definidos que, possuindo um património geológico de grande relevo a nível nacional e internacional, alia uma estratégia de geoconservação e um conjunto de políticas de educação e sensibilização ambiental, à promoção de um desenvolvimento socioeconómico sustentável baseado em atividades de geoturismo, envolvendo as comunidades locais, contribuindo para a valorização e promoção dos produtos locais.
As parcerias e a implementação de projetos ligados à sustentabilidade, valorização dos recursos endógenos e conservação dos valores naturais de forma equilibrada, por forma a que as populações locais consigam retirar partido da existência de um geoparque no território, é uma das condições que a UNESCO impõe na sua lista extensa de conformidades, e que qualquer unidade de gestão de um geoparque tem de garantir e assegurar, com avaliações periódicas por parte da UNESCO, de quatro em quatro anos.
O desenvolvimento de atividades ligadas ao turismo criativo, à sensibilização para as alterações climáticas e preservação dos valores naturais, à valorização da gastronomia e produtos locais, ao património cultural e imaterial, entre outros aspetos, será uma das prioridades de trabalho da Associação Geoparque Algarvensis, procurando deste já parceiros para a área da geoeducação, geoconservação e geoturismo.
As entidades que operem neste território, nas mais diversas áreas de atuação, e que tenham na sua cultura, critérios de responsabilidade com o ambiente, património cultural, e valorização dos recursos endógenos, poderão desde já apresentar as suas propostas de parceria e projetos ao aspirante Geoparque Algarvensis, para uma maior dinamização socioeconómica do território.