Caminhada: Forte do Zambujal – Conhecer e valorizar

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As Invasões Francesas e o sistema de defesa Linhas de Torres marcaram um importante momento da história de Portugal no século XIX.
Entre novembro de 1809 e setembro de 1810 é erguido, em segredo, um sistema defensivo que, hoje, constitui um valioso património histórico-militar – as Linhas de Torres Vedras – cuja importância é reconhecida internacionalmente.

Texto e fotografia: Viver com Gosto

A nossa ideia foi a de criar um percurso pedestre circular que permitisse ligar a vila de Mafra ao Forte do Zambujal.
Escolhemos, como ponto de partida e de final, o Centro de Interpretação das Linhas de Torres – CILT Mafra no Complexo Cultural da Quinta da Raposa. Este Centro está muito bem conseguido do ponto de vista estético e de informação.
No que diz respeito à conceção do percurso e como não existe atualmente nenhuma proposta optámos por criar o nosso próprio trajeto. A ideia base foi a de criar a ligação, a pé, entre a vila e o Forte através de um percurso acessível (+/- 11 km) e que pudesse ser feito em família. Parte do percurso desenvolve-se em ambiente urbano e na companhia da A21 mas, é compensado pelo caminhar em antigas zonas agrícolas com forte componente de plantas silvestres e com pequenos bosques. A povoação do Zambujal, um pouco antes de chegar ao forte, está em transformação e as antigas casas rústicas estão a ser recuperadas com alguma consciência e respeito pelo património.
O Forte do Zambujal está bem mantido e possui um conjunto de painéis com informação relevante.
O regresso à vila é feito pelo mesmo caminho, mas a nova perspetiva e a diferença da posição do sol, criam novos cenários à nossa caminhada.
“Esta coisa de caminhar abre o apetite.” A nossa sugestão é a de uma “visita” ao restaurante João da Vila Velha que possui uma ementa variada e com uma boa relação qualidade/preço.

Enquadramento e alguns números

  • A primeira linha, com uma extensão de 46 km, liga a margem do rio Tejo, em Alhandra, à foz do rio Sizandro, em Torres Vedras
  • A segunda linha, tem cerca de 40 km, iniciando-se na Póvoa de Santa Iria e terminando em Ribamar, passando por Bucelas e Mafra.
  • A terceira linha, composta por um perímetro defensivo de 3 km, destinava-se a proteger o embarque dos ingleses, em caso de retirada e segue o percurso de Paço de Arcos às Torres da Junqueira.
  • A quarta linha, com uma extensão de cerca de 7 km, foi construída a Sul do Tejo, na região de Almada.
    Quando completas, as linhas tinham 152 obras militares, armadas com cerca de 1.000 peças de artilharia e guarnecidas por mais de 68 000 homens.
    O trabalho decorreu em segredo absoluto: sob o comando inglês, vários milhares de camponeses trabalharam na construção destas fortificações.

Passados dois séculos, os municípios onde se integra este património (Mafra, Arruda dos Vinhos, Loures, Vila Franca de Xira, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras) congregaram-se numa plataforma intermunicipal (atualmente Rota Histórica das Linhas de Torres), visando a valorização turístico-cultural deste legado.

Forte do Zambujal
Este forte defendia o desfiladeiro de Fonte Boa da Brincosa, o vale da Senhora do Porto (ou Senhora do Ó) e a estrada da Carvoeira.
Apresenta uma planta composta, constituída por reduto central e bateria avançada, correspondendo a uma das mais elaboradas construções da 2ª Linha. A ligação à zona da bateria é efetuada por um túnel escavado na rocha. Conservam-se ainda parte dos degraus originais, estando a área preparada para visita. Esta estrutura é única no conjunto das Linhas de Torres, bem como o acesso revestido a pedra pelo qual se acede à bateria. Combina escavação da rocha com camisa em pedra, constituindo um dos elementos mais marcantes desta obra. Direcionada aos pontos de controlo e defesa do Forte do Zambujal, encontrava-se a bateria, onde se colocavam as duas peças de artilharia que estariam atribuídas ao Forte.
Esta estrutura encontrava-se também rodeada por fosso e estava ligada ao acesso por uma paliçada, detetada nas escavações arqueológicas.
A plataforma onde se colocavam as peças de artilharia estava guarnecida com quatro canhoneiras rasgadas no parapeito e uma plataforma em madeira também detetada nas intervenções arqueológicas. Fonte: RTL

Informações úteis
Rota das Linhas de Torres (RTL)
https://www.rhlt.pt/pt/as-linhas-de-torres/

Grande Rota das Linhas de Torres – GR30
A Grande Rota das Linhas de Torres é composta por percursos pedestres que se estendem por um vasto território, entre o rio Tejo e o Atlântico.

Centro de Interpretação das Linhas de Torres – CILT Mafra
O Centro de Interpretação das Linhas de Torres – CILT Mafra encontra-se situado no Complexo Cultural da Quinta da Raposa.
Está dividido em três espaços:

  • O primeiro, dedicado ao papel de relevo que o Palácio Nacional de Mafra teve na Primeira e na Terceira Invasões Francesas a Portugal;
  • O segundo espaço refere a importância da telegrafia ótica e a construção das Linhas de Torres. E aqui, o visitante poderá, também, experimentar manobrar um telégrafo de ponteiro;
  • O terceiro destes espaços dá a conhecer os trabalhos arqueológicos que se realizaram no Município de Mafra, desde 2008. Este último local está integrado num pequeno auditório que permite a visualização de três curtas metragens.

Complexo Cultural Quinta da Raposa
Largo Coronel Brito Gorjão 2640-465 Mafra
Coordenadas GPS: 38°56’13.19”N / 9°20’07.82”W
+351 261 819 711 / arqueopedagogia@cm-mafra.pt
Horário: Terça a sábado – 10h00-13h00 / 14h00-17h00
Encerrado ao domingo, à segunda-feira e aos feriados. Entrada gratuita.

Igreja de Santo André (Mafra)
Foi erigida durante o reinado de D. Dinis, em finais do século XIII, evoca as origens medievais de Mafra e foi construído por ordem da família donatária da vila à época.
É um dos mais prestigiosos exemplos da arquitetura gótica paroquial, distinguida como monumento nacional.
Horários e visitas:
Por marcação – arqueopedagogia@cm-mafra.pt

Palácio Nacional de Mafra
Imponente obra do reinado de D. João V e o mais importante símbolo da arquitetura Barroca em Portugal, é o único Monumento Nacional que integra um Paço Real, uma Basílica e um Convento.
São mais de 40 000 m² e 1200 divisões de que fazem parte espaços e instrumentos únicos no mundo. É o caso da Biblioteca, que guarda todo o conhecimento de um acervo com mais de 36 mil volumes; do conjunto sineiro constituído por dois carrilhões com 98 sinos; e dos seis órgãos que voltaram a ecoar pela Basílica desde 2010.
www.palaciomafra.pt

Restaurante João da Vila Velha
R. Pedro Julião Papa João XXI 4, 2640-518 Mafra / +351 261 811 254

O nosso Percurso
https://ridewithgps.com/routes/46187362

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