8ª etapa. León/Molinaseca, passando por Astorga e Cruz de Ferro, 108.25 Kms.
Finalmente uma etapa em grande, muito dura mas também muito bonita. Saímos de León e o dia estava óptimo, sem a chuva que nos fustigou na etapa anterior.A passagem por Astorga foi marcada pelo meu terceiro furo.
Texto e Fotografia: António José Soares
Não fosse Camilo, Fulvio e Vítor e o meu “camino” seria bem mais penoso. Astorga é uma cidade pequena mas interessante do ponto de vista histórico e cultual, para além das Ruínas Romanas, a Catedral e o Palácio Episcopal, este da autoria de Gaudi, são pontos a destacar. Quando chegámos decorria na praça principal uma feira ambulante, típica e muito concorrida, a conferir uma animação interessante à cidade. Estávamos nós nos jardins do Palácio Gaudi, quando reparei no terceiro furo, como três são demais, Camilo resolveu dar uma olhadela na minha roda, chegámos à conclusão que a câmara estava a ser trilhada, por deficiente isolamento da roda, tivemos que acabar de resolver o problema do furo fora dos jardins do palácio, em virtude deste encerrar ao público ás 16.00 horas. Pouco depois abalámos para enfrentar a subida para a Cruz de Ferro. Para Camilo e Vitor, esta dificuldade não era de grande monta, contudo à chegada, também aparentavam algum cansaço. Eu comecei muito mal, acontecia sempre uma quebra psicológica quando “pinchava”, com repercussão no estado físico, Fulvio descolou mesmo no início da subida. Contudo não sei o que se passou a determinada altura, que comecei a andar por ali acima, passei toda a gente e cheguei ao cimo pouco depois de Vitor e Camilo, tendo passado inclusive por Fulvio, no entanto pouco depois esperei por ele para chegarmos juntos. Detivemo-nos um pouco no Alto da Cruz de Ferro, antes de enfrentar a descida louca que se avizinhava, neste dia percorremos 108,25 Kms, a uma velocidade média de 15,51Kms Hora e máxima de 60, 25 KmsHora, não tendo esta sido maior porque me cortei um pouco na descida, com medo de “lamber”o alcatrão. Foram 06:58:39 H. a andar de bicicleta.
A chegada a Molinaseca foi rápida, porque os últimos 15 Kms da etapa foram sempre a descer e rapidamente atingimos o final. Aqui encontrámos um excelente albergue onde pernoitámos, depois de um duche bem quentinho, e de um jantar excelente, num restaurante situado ao lado de uma ponte medieval, e de uma pequena praia fluvial muito bonita (a coisa aqui começou a derrapar em termos financeiros, já que resolvemos abrir os cordões à bolsa, para o jantar e cada um “ardeu com 20 euros). Sérgio perdeu-se de nós, depois de eu ter furado em Astorga e aí termos perdido muito tempo. Esta Terça foi um dia cansativo, tanto quanto interessante, eu e Fulvio levámos uma tareia de bicicleta, Vitor e Camilo iam buscar forças não sei onde, porque pareciam nunca estar cansados.
No albergue falei com duas brasileiras simpáticas, que tinham começado a peregrinação em Astorga. A partir de Astorga engrossa muito o número de peregrinos, não sei o número de vezes que disse “bom dia e bom caminho”, para além de ser imperioso dizê-lo, substitui a buzina na bicicleta.
Encontrei mais uma vez os nossos amigos alemães que aqui também pernoitaram, tipos simpáticos.
Retomando o assunto “jantar”, para dizer que comemos muito bem, mesmo muito bem, depois de algum tempo de conversa, dirigimo-nos ao albergue onde tratámos das pernas, as minhas pareciam chumbo. Depois de ter telefonado, foi altura para escrever algumas linhas, embora não desse para muito, o cansaço era tanto que a noite foi a pique, sem sequer achar graça ao ressonar de quem quer que seja.
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